A investigação da Polícia Federal (PF), que resultou na Operação Tempus Veritatis, encontrou mensagens do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que demonstram a concordância de militares com as manifestações antidemocráticas que aconteciam em frente aos quartéis após as eleições de 2022.
O bolsonarista comentou que o Ministério Público Federal (MPF) não poderia intervir nos acampamentos montados em resposta ao oficial do Exército que se mostrava preocupado com uma recomendação para desmontar a estrutura dos acampamentos golpistas em Caxias do Sul (RS). Cid orientou seu interlocutor a ignorar o órgão, segundo a jornalista Andréia Sadi, da GloboNews.
“Cara, vou ser bem sincero contigo. Tá recomendado… manda se foder! Recomenda… está recomendado. Obrigado pela recomendação (…) Eles [o MPF] não podem multar. Eles não podem prender. Eles não podem fazer porra nenhuma. Só vão encher o saco. Mas não vão fazer nada, não”, teria dito Cid de acordo com o áudio transcrito pela PF.
O tenente-coronel Alex de Araújo Rodrigues, que na época era subcomandante do 3º Grupo de Artilharia Antiaérea, havia pedido ajuda a Cid porque se sentia pressionado pela recomendação do MPF. Rodrigues chegou a compartilhar com Cid o texto da recomendação, que pedia à unidade militar a retirada de banheiros químicos, tendas e barracas dos manifestantes que ocupavam uma área da União.
O MPF argumentava que a ocupação era “permanente e indevida” e que os manifestantes incitavam animosidade das Forças Armadas contra os poderes constituídos.
Diante da resposta de Cid, Rodrigues pediu que ele avise “Alves” sobre a orientação, pois este estaria “desesperado” com a iniciativa do MPF. Segundo a PF, “Alves” seria o tenente-coronel Anderson dos Santos Alves, comandante do 3º Grupo de Artilharia Antiaérea.
A investigação da PF aponta que a conversa entre Cid e Rodrigues é uma das provas que demonstram a anuência de militares com os acampamentos golpistas. Segundo a PF, esses acampamentos foram a base para os manifestantes que depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023.
A Operação Tempus Veritatis foi deflagrada pela PF em abril de 2023 para investigar a participação de militares em atos antidemocráticos. A operação cumpriu mandados de busca e apreensão em diversos estados brasileiros, incluindo o Palácio do Planalto.
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