Publicado originalmente no Brasil de Fato
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em conjunto com a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares (RNMMP) organizou, em abril, uma brigada de solidariedade ao povo moçambicano, atingido em 14 de março pelo ciclone Idai.
O grupo, que permanece até hoje no país africano, desenvolve trabalhos de atendimento médico, reconstrução de algumas das áreas atingidas, criação de hortas comunitárias e reprodução de sementes.
Segundo Augusto Juncal, brigadista internacionalista e integrante do Grupo de Estudos sobre Questão Étnico Racial e Questão Agrária do MST, a comitiva conta com a participação de 22 pessoas, “entre agricultores, pessoas ligadas à construção, técnicos agrícolas, agrônomos, veterinários”, além de médicos e psicólogos.
O militante Sem Terra chegou a Moçambique cerca de 15 dias após a tragédia para organizar a vinda dos demais brigadistas, que estão no país desde 10 de abril.
Juncal explica que o grupo tem três frentes de atuação: saúde, produção e construção. Na área da saúde, a brigada presta atendimentos emergenciais e tratamento de pessoas com malária. “São inúmeros os casos de malária. Há muita malária, diarreia e febre”, explica.
Na área de psicologia, conta, “o trauma com as enchentes e com o ciclone foram muito fortes. As pessoas até hoje estão muito chocadas e assustadas com o que aconteceu”.
O MST recebe ainda a ajuda de oito membros da Ação Acadêmica para o Desenvolvimento das Comunidades Rurais (ADECRU), associação de Moçambique criada há 11 anos por estudantes. A organização é responsável por levar adiante projetos que tem como objetivo ajudar no desenvolvimento das comunidades.
“Nós estamos trabalhando com a construção, em cada comunidade, de uma horta coletiva para a reprodução de sementes. Juntando, também, ao setor de educação, uma parte formativa de desenvolvimento do trabalho coletivo”, conta Juncal.
Ciclone
Em 14 de março, o sudeste da África foi atingido com força total pelo ciclone Idai. Os países afetados foram Moçambique, Malaui e Zimbábue. Além de milhares de mortes, o desastre causou alagamentos e inúmeros danos à infraestrutura dos três países.
Após 10 dias, outros rastros deixados pelo Idai começaram a aparecer em algumas cidades de Moçambique. O isolamento causado por inundações e destruição de pontes fez com que diversos locais passassem por problemas de abastecimento. A concentração de água também levou a surtos de cólera e malária.
Antes mesmo de conseguir se recuperar dos impactos iniciais do desastre, Moçambique foi atingido, entre 21 e 22 de abril, por um segundo ciclone, o Kenneth, que agravou ainda mais a situação do país.