Por Moisés Mendes
Se medrosos e covardes de todas as áreas tivessem 10% da bravura de Alexandre de Moraes, o fascismo não teria avançado tanto no Brasil.
Com um pouco menos de covardia, que nem precisaria se transformar em valentia, os filhos de Bolsonaro não seriam os chefes do blefe do golpe.
As instituições brasileiras quase nada fizeram de efetivo para conter os filhos de Bolsonaro, que têm no Brasil uma força política equivalente apenas ao poder dos príncipes bandidos da Arábia Saudita. A família imobilizou as instituições.
Sob a ameaça do jipe com o cabo e o soldado, muita gente se acovardou, mais até do que o esperado.
Alguns já se reabilitaram, porque tiveram a chance de subescrever manifestos pela democracia, mas ainda tem muita gente encolhida em trincheiras da República.
O covarde avulso, amador, desenturmado e sem poder, é um tipo clássico dos momentos graves. Há quem tenha pena dele.
Mas os covardes com turma e com algum poder institucional são execráveis. Porque esses são profissionais e se protegem no que não é deles e onde estão apenas de passagem.
O medroso entrincheirado numa instituição é o pior de todos os covardes, e mais ainda se tiver posto de comando.
A fala de Alexandre de Moraes, ao tomar posse no TSE, mexe muito mais com os covardes do que com os sabotadores da eleição e da Constituição e agressores do Supremo.
O golpista tem convicção do que diz e do que tenta fazer e não se abala quando Moraes afirma que liberdade de expressão não significa liberdade para destruir a democracia.
O golpista fica na dele, não aplaude o elogio às urnas eletrônicas, como alguns não aplaudiram, mas o covarde até bate palmas e se protege nessa encenação.
O covarde com poder institucional cumpre todas as liturgias, da forma mais protocolar possível, para parecer o que não é.
Mas é dele, desse que sempre evita o que pode ser um movimento em falso, que os democratas mais devem desconfiar.
O covarde do tapinha nas costas, que passa com seu pano de um lado pra outro, sempre subserviente, é o tipo que mais ajuda a destruir democracias.
Sem ele, o bolsonarismo não teria o tamanho que tem, e o país não estaria há mais de dois anos sob a ameaça de golpe.