Na contramão do mundo, SP de Tarcísio dispensa livros nas escolas para usar material digital

Atualizado em 2 de agosto de 2023 às 0:30
Menina de costas olhando para a tela do notebook, com fones de ouvido brancos
Alunos não receberão mais livros impressos – Foto: Divulgação/Prefeitura de Várzea Paulista

As escolas estaduais de São Paulo não receberão mais livros didáticos do programa nacional comandado pelo Ministério da Educação (MEC). O secretário da Educação paulista, Renato Feder, abriu mão dos mais de 10 milhões de exemplares impressos que seriam entregues aos alunos do ensino fundamental 2 (6º ao 9º ano) no ano que vem para utilizar apenas material digital.

“A aula é uma grande TV, que passa os slides em Power Point, alunos com papel e caneta, anotando e fazendo exercícios. O livro tradicional, ele sai. Não é um livro didático digital. É um material mais assertivo, com figuras, jogos, imagens 3D, exercícios. Ele pode clicar em links, abrir vídeos, navegar por um museu”, explicou ele ao Estadão.

De acordo com Feder, esse material digital é produzido por 100 professores da Secretaria da Educação e alinhado ao currículo paulista. O secretário afirmou que a decisão de deixar de usas os livros impressos se deu para não dar “dois comandos” para o professor e por questionamentos sobre a qualidade das obras do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

“É para usar o livro ou o material digital da secretaria? O que cai na prova: o livro ou material digital? O professor ficava confuso”, alegou ele. Desde abril, o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem sugerido que os docentes usem o diário de classe digital, no qual as aulas de todas as disciplinas estão organizadas em cerca de 20 slides. O professor abre a aula no celular ou no computador e projeta na TV da sala.

Ainda segundo Feder, o governo estadual também identificou que o material que o PNLD distribuiria em 2024 estava “mais raso, mais superficial” e “tenta cobrir um currículo muito extenso de maneira superficial”. O ensino médio também deixará de usar livros impressos.

Renato Feder sentado, de roupa azul marinho, com mesa à frente
Renato Feder,secretário de Educação de SP, defende a digitalização da sala de aula. Foto: Reprodução

A Suécia está fazendo o caminho contrário. Isso porque, recentemente, o Ministério da Educação do país reforçou os riscos à aprendizagem trazidos pela política de digitalização da sala de aula e suspendeu a manobra.

“Estamos em risco de criar uma geração de analfabetos funcionais”, advertiu a ministra da Educação, Lotta Edholm, após ver a nota sueca despencar no Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS), exame internacional que avalia o desempenho em leitura dos(as) estudantes.

Segundo matéria publicada no jornal francês, Le Monde, a gestora concluiu que o mau desempenho é consequência da forma acrítica como o país introduziu recursos digitais nas escolas. Alunos(as) perderam o hábito da leitura, professores(as) ficaram sem acesso a livros e as mães, pais e responsáveis não conseguem ajudar seus(as) filhos(as).

Em uma tentativa de reverter esse quadro, além de barrar a estratégia de digitalização, Lotha lançou um programa de reintrodução dos livros para recuperar a capacidade de leitura dos(as) estudantes. Os livros têm “vantagens que nenhum tablet pode substituir”, argumentou.

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