Imagine que existem duas famílias bem numerosas A e B que, por diversas razões, se odeiam há algumas gerações.
Um dia, um membro da família A dá uma surra em um dos membros da família B, por alguma razão injustificável.
No dia seguinte, vários membros da família B pegam metralhadoras, entram na casa da família A e fuzilam todos os que conseguem encontrar pela frente.
Esse exemplo ilustra de forma simplificada de que forma está se dando a reação de Israel aos ataques do grupo palestino Hamas. Lançam dezenas de mísseis e bombas para cada foguete lançado pelo Hamas, causando 100x mais vítimas no lado palestino do que no lado israelense.
É dessa maneira que, no momento em que escrevo, já existem 193 mortos e mais de 1400 feridos do lado palestino, enquanto do lado israelense há apenas 1 morto e pouco mais de 10 feridos.
A proporção de 193 para 1 é assustadora.
No exemplo fictício das duas famílias, por pior que tenha sido a surra inicial, não há nada que justifique essa reação tão desproporcional. Da mesma forma, no nosso exemplo real envolvendo Israel e Palestina, os ataques provocados pelo Hamas não são justificativa para tamanha resposta de Israel.
O grupo Hamas, que é um dos dois grupos que governam a Palestina, tem como um dos seus objetivos principais a destruição do Estado de Israel. Fariam isso, certamente, se tivessem poder de fogo. Mas não possuem 1% do poder bélico de Israel. A Palestina sequer possui um exército.
Quando eles explodem uma bomba num carro e matam cinco pessoas em Israel, todos chamam isso de um “atentado terrorista”. Mas quando o exército de Israel explode um prédio de três andares para tentar matar uma só pessoa e acabam matando outras oito pessoas no prédio, isso não ganha o nome de “atentado terrorista”. O atentado recebe o nome de “Ataque Militar”.
É injustificável que o Hamas, em sua guerra contra Israel, lance foguetes para atingir a população civil do país vizinho. Mas é muito pior a reação por parte de Israel, ao lançar dezenas de bombas para cada ataque do Hamas.
Se é para matar um membro do Hamas numa casa, explodem-na junto com todas as outras vizinhas. Se querem matar alguém num prédio, bombardeiam o prédio inteiro. E que se dane quem mora nesses locais.
Em sua defesa, o governo de Israel diz que o Hamas é que tem a culpa pela morte dos civis, por colocar seus lança-foguetes em áreas residenciais. Como se isso os redimisse do fato de jogarem várias bombas para aniquilar todos esses civis.
Temos o clássico caso do assaltante de banco que tem 20 pessoas como reféns.
A atitude de qualquer policial deve ser sempre no sentido de proteger as vidas dos reféns como prioridade a prender ou matar o assaltante. É preferível deixá-lo escapar, sem que haja vítimas inocentes do que matá-lo ao custo da morte de alguns reféns.
Mas o exército israelense age diferente.
Se necessário, mata os 20 reféns, só para ter o prazer de matar também o inimigo. Isso porque os reféns não são cidadãos de Israel e sim palestinos, que parecem não ter valor algum aos olhos dos governantes do país vizinho.
Uma criança de cinco anos numa casa vizinha de um membro do Hamas, parece ter a mesma importância de uma barata, dessas que você esmaga sem remorso algum e continua com sua vida, como se nada tivesse acontecido.
Como se fosse pequena essa quantidade de vítimas no conflito, Israel convocou 40 mil reservistas para se prepararem para uma invasão terrestre da faixa de Gaza, para certamente multiplicar por 10 os mortos já existentes.