“Não é da sua conta”: ao Washington Post, um bananeiro acuado enlameia a si e ao Brasil. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 25 de janeiro de 2019 às 10:10
Bolsonaro no Washington Post: “Não é da sua conta”

 

Andam sugerindo — acho que um Noblat ou genérico dele na Globo News — que Bolsonaro pare de ouvir os conselhos de Carlos, o Carluxo, sobre a comunicação do governo e a “profissionalize”.

Como se fosse adiantar. Bolsonaro é um cavalo velho que não aprende novos truques.

Imaginar que Alexandre Garcia salvaria o cidadão é de uma ingenuidade tocante.

A entrevista de JB ao Washington Post é uma das coisas mais constrangedoras da história do Brasil, digna de ditador de república bananeira sentado num trono feito de material catado em aterro sanitário, orgulhoso de sua ignorância e sua brutalidade.

Davos acabou de cristalizar a estatura nanica de JB. Ele evita coletivas pelo mesmo motivo por que fugiu de debates. Sua fama é internacional. 

Lally Weymouth, filha da lendária Katharine Graham, publisher do Post durante Watergate, fez as perguntas que se espera.

A reação foi também a esperada: um desastre.

Começou puxando o saco e se jactando de encontros fortuitos com os subs dos subs americanos.

— Eu sempre admirei o povo dos EUA e suas políticas. Até agora tive cinco a seis reuniões com altos funcionários do governo dos EUA, incluindo o [conselheiro de segurança nacional] John Bolton. Tenho planos de visitar os EUA em março.

Confrontado com uma de suas inúmeras atrocidades sobre gays, faz uma indagação estúpida.

— Você realmente acredita na mídia impressa? Você realmente acredita nisso cegamente?

— Sim, cresci na mídia impressa, devolve a jornalista.

Ela volta ao assunto:

— Você pode assegurar às mulheres e à comunidade LGBT de que elas têm um lugar no seu Brasil?

— Eu amo mulheres!, afirma o Didi Mocó do mundo bizarro.

Seu revisionismo histórico também surpreendeu a interlocutora.

— Os militares salvaram o Brasil, diz ele.

— Os militares salvaram o Brasil?

— Os militares salvaram o Brasil de uma potencial ditadura em 1964.

O grande momento:

— Eu tenho que perguntar sobre o escândalo envolvendo seu filho, o recém eleito senador Flávio Bolsonaro. Foi reportado que seu filho contratou várias pessoas com laços estreitos com membros de gangues.

— Isso não é um assunto do governo ou da administração federal – ou da sua conta -, mas vou expressar minha opinião sobre o assunto. Em grande medida, seu nome de família, Bolsonaro, é a razão pela qual ele tem tanta visibilidade. O que foi dito sobre ele até agora é o resultado de acusações políticas de pessoas que querem criticar meu governo (…) Se alguma prova se tornar disponível contra meu filho, ele será punido como qualquer outra pessoa e cumprirá sua pena.

A única alternativa possível para a “comunicação” de Bolsonaro é aquela do velho e sábio adágio, que já repeti aqui: “É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida”.