“Não é oportuno”, “vai custar caro”…: Como Bolsonaro tentou abandonar brasileiros na China

Atualizado em 12 de novembro de 2023 às 11:03

Jair Bolsonaro tenta faturar com o resgate de brasileiros da Faixa de Gaza, um triunfo do governo Lula, em especial do Itamaraty.

É um canalha. No começo de 2020, ele deixou evidente um esforço pessoal de não trazer os nacionais de volta. Mais que isso, de dar a sensação de que os estava abandonando.

Uma coisa era a insegurança com relação à epidemia de Covid-19. Outra, bem diferente, era o recado que o covarde dava de que estava simplesmente atirando seus compatriotas aos leões.

Mexeu-se apenas depois da comoção em torno de um vídeo desesparador gravado por quem estava em Wuhan. Bolsonaro afirmou, de pronto, que o governo estudava “estratégias para buscar” os brasileiros.

Segundo o sujeito, era preciso resolver entraves diplomáticos, jurídicos e orçamentários. “Custa caro um voo desses. Na linha, se for fretar um voo, acima de US$ 500 mil o custo. Pode ser pequeno para o tamanho do orçamento brasileiro, mas precisa de aprovação do Congresso”, declarou.

O presidente descartou a ideia de editar uma medida provisória para agilizar esse trâmite. O então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o desmentiu. Respondeu que “se esta for a decisão do governo, e o governo entender que existe urgência, e ele concorda que existe, o governo tem instrumentos para organizar o orçamento.”

Bolsonaro ainda reforçou: “Se lá temos algumas dezenas de vidas, aqui temos 210 milhões de brasileiros. Então, é uma coisa que tem que ser pensada, conversada antecipadamente com o chefe do Poder Judiciário, conversado com o Parlamento também”.

“Pelo que parece, tem uma família na região onde o vírus está atuando. Não seria oportuno a gente tirar de lá, com todo o respeito. Pelo contrário, agora não vamos colocar em risco nós aqui por uma família apenas”, disparou.

“A gente espera que os dados da China estejam reais, só isso de pessoas contaminadas. Se bem que são bastante. Mas a gente sabe que esses países são mais fechados no tocante à informação”.