Publicado originalmente no blog do autor
Um cavalo que o conduza de volta a Curitiba e o afaste de Brasília e do poder que ele achou que teria. É o que Sergio Moro mais deseja.
O ex-juiz sonhava com as delícias de um governo de Aécio e teve as milícias do governo de Bolsonaro.
Por muito tempo, a própria direita conviveu com a ilusão de que Sergio Moro era um magistrado com escrúpulos, preocupado apenas em caçar corruptos de esquerda e encarcerar Lula.
Moro teria como limite a obsessão em ficar na História como o juiz que pegou Lula. Mas muitos sabiam e fingiam não saber que ele desejava mesmo se aproximar dos tucanos.
Ficar amigo e parceiro de Aécio, Serra, Alckmin. Moro queria ser da turma de Fernando Henrique Cardoso e virar um bacana.
Deu errado, mas ele achou que no fim havia dado certo por caminhos mais espinhentos. Chegaria ao poder e, com certo sofrimento, dali ao STF com o suporte de Bolsonaro, o homem que ele esnobou e constrangeu no aeroporto de Brasília ao negar-lhe um cumprimento de mão.
Bolsonaro era o cara infectado pelo que tem de pior na política e por isso Moro, o isento, não quis cumprimentá-lo. Mas Bolsonaro chegou lá.
Moro cedeu e achou que seria amigo dos filhos de Bolsonaro, que iria aturá-los, que teria de aceitar seus rolos, o Queiroz, os laranjas do PSL, e que no fim seria recompensado.
Deu tudo errado e agora o ex-juiz terá de enfrentar a Justiça como acusador do homem que esperava dele a missão de fazer os serviços sujos.
No governo, Moro fixou um limite que não tinha na Lava-Jato. Deixou o serviço incompleto.
Se não tiver provas contra Bolsonaro, poderá ser processado por denunciação caluniosa e talvez recorra ao argumento de que agiu sob violenta emoção.
O ex-juiz passa a enfrentar a arapongagem dos filhos de Bolsonaro e das almas delatoras da Lava-Jato.
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DIFERENÇAS ARGENTINAS
Se morassem na Argentina, brasileiros aliados da peste que pregam contra o isolamento social seriam presos e processados.
Lá, tudo é diferente. Os ditadores e seus cúmplices foram presos e julgados e muitos estão encarcerados até hoje.
Aqui, os ditadores nunca foram julgados. E os generais voltaram ao poder e são comandados por um tenente que, segundo o general Eduardo Villas Bôas, é político e não militar.
No dia 11 de novembro de 2018, em entrevista a Igor Gielow, na Folha, Villas Bôas afirmou:
“A imagem dele como militar vem de fora. Ele é muito mais um político. Estamos tratando com muito cuidado essa interpretação de que a eleição dele representa uma volta dos militares ao poder”.
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Agrepinus e o humor em tempo de pandemia