“Não está havendo intervencionismo na Petrobras”, garante Jean Paul Prates

Atualizado em 2 de março de 2023 às 18:15
Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, em entrevista coletiva na tarde desta quinta (2). Reprodução

 

Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, concedeu entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (02) e assegurou que não haverá qualquer tipo de ingerência sobre a empresa.

Sem ingerência do governo

“O governo, em momento nenhum, chegou para mim e disse: ‘faça isso ou faça aquilo’. Não está havendo nenhum grau de intervencionismo na Petrobras. Tudo está sendo conversado, como ocorre com qualquer acionista controlador. E vamos continuar trabalhando assim”, disse o ex-senador potiguar.

Preços

“Quem era intervencionista era o governo anterior, que mandava a Petrobras praticar esse PPI (Preço de Paridade Internacional) para ajudar o importador, mesmo sem ter necessidade”, frisou Prates. “O importador é meu competidor. Se é mercado, vamos jogar o jogo do mercado. Mas me obrigar a praticar o preço do concorrente? Não faz nenhum sentido.”

Ainda sobre a questão, ele defendeu a necessidade de discutir-se “de forma transparente” a política que regerá os preços com todos os atores do governo, dizendo que a Paridade de Preços e Importação (PPI) pode ser um referencial para a fixação dos valores de venda, mas não o único.

Dividendos

A petrolífera anunciou nesta quarta-feira (1)  o lucro de R$ 188,3 bilhões em 2022, recorde eu sua história, mas paralelalamente, ao seguir a política de preços internacionais, fez com que os valores que chegaram nas bombas de combustíveis alçassem altos valores, o que acabou refletindo na inflação. Apesar disso, Prates foi crítico ao fato:  “Você quer ver esse auditório dar lucro, então vende tudo o que tem dentro. Precisamos do melhor preço para conquistar e manter o meu cliente”.

Em relação à distribuição de dividendos, que também atingiu recordes, Prates foi bastante claro sobre a necessidade de cumprir-se todas as regras que estão vigentes: “A Assembleia Geral dos acionistas é soberana”. Apesar disso, ele entende que deve haver uma flexibilização nessa regulação: “Quanto mais flexibilidade, melhor. Há trimestres que são melhores que outros”.

O presidente Lula (PT) e o ex-senador, o economista Jean Paul Prates
Foto: Reprodução/Ricardo Stuckert

Corrupção

Questionado sobre a possibilidade da estatal tornar-se mais uma vez vítima de corrupção, Prates reconheceu “traumas históricos” mas frisou que eles não podem “ser desculpa” para que a empresa produza:

“Eu acho que o país está adquirindo cada vez mais maturidade para tratar deste tipo de assunto”, ponderou Prates. “O medo da corrupção não pode ser desculpa para você ter que comprar tudo de fora, porque você não pode fazer um financiamento público funcionar direito, ou contratar uma obra”

“Tem que corrigir os problemas”, reconheceu o atual presidente da petrolífera. “Já houve vários traumas, históricos, vamos aprender com eles e chegar num nível razoável neste tipo de processo. A gente não deve abandonar objetivos grandiosos como produzir navios, montar parque eólico, fazer tecnologia, asfaltar uma estrada porque pode acontecer corrupção. Que se combata a corrupção.”

Conselho de Administração

Perguntado sobre a especulação de que ocorreram vetos de nomes indicados pelo governo ao Conselho de Administração, Prates eximiu-se da responsabilidade: “Minha participação nesse processo é de caráter sugestivo. Quem vier, será respeitado por mim e por toda empresa”. Nomes como Josué da Silva, presidente da Fiesp, e de Eduardo Moreira, estavam sendo ventilados e supostamente foram vetados.

Abaixo, a íntegra da entrevista:

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