Não foi preciso que o Irã dissesse que seus opositores estão aliados aos EUA. O próprio Trump o fez. Por Fernando Brito

Atualizado em 11 de janeiro de 2020 às 22:09
Donald Trump. Foto: DON EMMERT—AFP

Publicado originalmente no Tijolaço:

POR FERNANDO BRITO

Várias manifestações de oposição ao regime iraniano aconteceram hoje em Teerã e em algumas outras cidades do Irã.

Não era imenso o número de manifestantes, mas o tom era o mais radical possível, inclusive rasgando retratos e faixas com a imagem do general Qassemn Suleimani, morto por um ataque americano e reverenciado por uma multidão impressionante nos seus funerais, no início da semana.

O embaixador inglês Robert Macaire foi detido por cerca de uma hora, enquanto estava junto a manifestantes na Universidade Amir Kabir.

Contestação interna pode levar o Irã a reagir – ou patrocinar reações – externamente.

O objetivo estratégico do Irã é a sobrevivência do regime e patrocinar reações internas que o possam ameaçar é a pior ação que os EUA podem tomar.

Se o desastre com o avião alvejado por engano teve o poder de refrear qualquer ação dos iranianos, agitação interna é um convite a transferir o olhar para o exterior.

Donald Trump não perdeu um instante e já deu apoio aos manifestantes no Twitter: “o governo do Irã deve permitir que grupos de direitos humanos monitorem e denunciem fatos do terreno sobre os protestos em andamento do povo iraniano. Não pode haver outro massacre de manifestantes pacíficos, nem um desligamento da Internet. O mundo está assistindo.”

Não foi preciso nem que o governo iraniano dissesse que seus opositores estão aliados aos EUA. O próprio Trump o fez.