“Não foi um fala planejada”: Zeca Dirceu conta ao DCM como pregou o apelido Tchutchuca na testa de Paulo Guedes

Atualizado em 6 de abril de 2019 às 15:47
Zeca Dirceu

Ele diz que não é tão fã de funk e que prefere eletrônico ou sertanejo. Mesmo assim, conseguiu lembrar do Bonde do Tigrão diante do ministro da Economia de Bolsonaro.

Falou de improviso para Paulo Guedes: “O senhor é tigrão quando é com os aposentados, com os idosos, com os portadores de necessidades. O senhor é tigrão quando é com os agricultores, os professores. Mas é tchutchuca quando mexe com a turma mais privilegiada do nosso país”.

“Tchutchuca é a mãe, tchutchuca é a vó!”, gritou Guedes, enquanto deputados pediam decoro na audiência pública da Comissão de Constituição e Justiça que debateu Reforma da Previdência.

Zeca é filho primogênito de José Dirceu e de Clara Becker, nascido em Umuarama, no Paraná.

Na mesma época em que conheceu o grupo de funk Bonde do Tigrão, aos 18 anos, entrou na política depois de frequentar os círculos do PT com seu pai.

Formou-se em Ciências da Computação pela Universidade Paranaense (Unipar) no ano de 2002.

Elegeu-se prefeito de Cruzeiro do Oeste dois anos depois e foi reeleito, administrando a cidade vizinha à sua terra natal.

Com cerca de 20 mil habitantes, o município possui um dos três melhores investimentos por cidadão, na frente de Curitiba e atrás de Londrina e Maringa, privilegiando pequenos produtores.

Zeca então elegeu-se deputado federal pelo Paraná em 2010 e se reelegeu mais duas vezes.

Nos seus mandatos, ele se posicionou contra as 10 Medidas Contra a Corrupção que foi defendida pela força-tarefa da Lava Jato e foi favorável ao projeto de criação de uma lei de abuso de autoridade para integrantes do Ministério Público.

Ao DCM, Zeca afirmou que tanto o ministro Paulo Guedes quanto o presidente Jair Bolsonaro “têm o costume de serem ríspidos e grosseiros com parlamentares”.

O deputado afirmou que Guedes bateu boca várias vezes com os deputados na CCJ e que o caso dele não foi isolado.

“O ministro queria acabar com a audiência e fugir das nossas perguntas antes mesmo da minha fala. Ele se aproveitou das expressões que usei e fugiu mais uma vez do debate, ofendendo à minha mãe, às minhas falecidas avós”, conta.

“Só prova o quanto ele é desequilibrado para ocupar um cargo da importância que o dele se coloca no atual governo. Muito ruim essa postura dentro da Câmara dos Deputados”.

Para Zeca, a população já percebeu que falta capacidade política e técnica ao governo. Ele também acredita que Bolsonaro não defende sua própria Reforma da Previdência, “que vai gerar ainda mais desemprego”.

“Todos já estão convencidos que [a reforma] é absurda e criminosa”, diz.

O deputado acha que os bancos e os impostos precisam de uma reforma antes da Seguridade Social.

Ele acredita que a esquerda pode se unir para defender que a reforma “seja debatida com sociedade civil, especialistas, técnicos, que se busque o melhor caminho para todos”.

“Não foi uma fala planejada”, frisou, sobre a cacetada em Guedes. Ele alega que estava incomodado com as “justificativas falsas” e as “acusações sem provas de fraudes por parte dos idosos pobres e da área rural”.

Está se divertindo com os ataques e elogios nas redes sociais. Virou meme à direita e à esquerda.

“Me divirto com amigos no Carnaval. Me atacam também por usar cabelo comprido. Eles mostram os preconceitos deles. Sou mente aberta e estou focado em defender o direito a aposentadoria. Defendo reformas que gerem emprego e renda e não essa, que foi desmascarada na CCJ”, diz.

Zeca disse que o pai José Dirceu estava na estrada voltando de São Paulo quando eles puderam conversar sobre o assunto.

“Trocamos algumas palavras rapidamente. Meu pai está indignado com essa situação toda e com as atrocidades que esse governo propõe”, conta.

“Ele sabe que essa reforma é uma crueldade pro país”.

José Dirceu e o filho Zeca