“Não gosto de pedir votos”, diz Datena, que não tem certeza do próprio número

Atualizado em 29 de agosto de 2024 às 23:27
Datena (PSDB) abraçando fã na Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo, ele de óculos escuros e falando, ela sorrindo, rodeados por pessoas
Datena (PSDB) abraçando fã na Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo – Divulgação

Sob intensa pressão para aumentar sua visibilidade na corrida pela Prefeitura de São Paulo, o apresentador José Luiz Datena, candidato pelo PSDB, tem adotado uma abordagem incomum ao evitar pedir votos diretamente. O funcionário da Band expressou saudades da televisão e sugeriu que os eleitores não hesitem em apoiar outro político se encontrarem uma opção mais atraente.

“Não estou pedindo voto para ninguém, não. Vale o seu carinho, o seu carinho é melhor que tudo”, declarou o famoso durante um evento na Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte de São Paulo, nesta quinta-feira (29).

Na mesma passeata, uma telespectadora do programa Brasil Urgente pediu o retorno de Datena à TV. “Eu também estou com saudades [da televisão]”, respondeu ele. A fã, curiosa, perguntou sobre o número do candidato nas urnas. Ele, então, confirmou que o número é 45, ao interagir com José Aníbal, candidato a vice-prefeito e presidente municipal do PSDB. “É 45, né, Zé?”, questionou.

Desde que foi obrigado a deixar sua apresentação diária na Bandeirantes no final de junho devido à legislação eleitoral, Datena tem mostrado entusiasmo com a recepção do público, mais do que com os resultados eleitorais: “Estou parecendo o Silvio Santos aqui, de tão querido”.

Em suas caminhadas, o veterano tem sido convidado a repetir seus bordões icônicos, como “só no nosso”, “me ajuda aí” e “cadê as ibagens?”. Ele também brinca com torcedores rivais do Corinthians. No Mercado Municipal da Lapa, interage com comerciantes e tira selfies com eles, enquanto na Vila Nova Cachoeirinha, ele posou ao lado de um cartaz de loja, em tom bem-humorado.

Datena, que costuma vestir calças jeans e jaquetas, além de óculos de sol variados, adota uma postura de outsider que tem gerado inquietação entre outros políticos do PSDB. Mesmo com conselhos de Aníbal para pedir votos diretamente, o jornalista continua a focar em sua estratégia de engajamento popular.

“Voto, você não tem que pedir. As pessoas votam em quem acredita”, afirmou, em entrevista. Ele criticou a administração atual, liderada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), destacando a falta de progresso nas metas estabelecidas por Bruno Covas.

Datena enfrenta dificuldades nas pesquisas de intenção de votos, estando atrás de Guilherme Boulos (PSOL), Nunes e Pablo Marçal, enquanto Tabata Amaral (PSB) se aproxima. De acordo com o Datafolha, publicado em 22 de agosto, a aposta do PSDB caiu de 14% para 10% nas intenções de voto. A principal tarefa da campanha é aumentar o conhecimento sobre ele, conforme apurado pela reportagem da Folha de S.Paulo.

“Eu não gosto de pedir votos. Todo mundo insiste para que eu peça votos, inclusive gente da minha equipe. Se de repente a população quer que a situação continue do mesmo jeito que está, com nem 40% das metas cumpridas [do Programa de Metas estabelecido por Bruno Covas], então continua votando nesse cara aí [Nunes]”, disparou ele.

O tucano seguiu: “Eu tentei entrar com dignidade nessa campanha e pretendo sair com dignidade, eleito ou não. Baixar o nível, fazendo cortes para redes sociais como faz o Pablo Marçal, não. Isso é absolutamente antidemocrático”.

“Quem achar que eu sou um cara digno, capaz e tenho condição. Há mais de 26 anos eu bato de frente com o crime organizado, fui o primeiro a dizer que ia ter PCC, que ia ter Comando Vermelho e me chamavam de sensacionalista”, lembrou Datena, que também orientou assessores e voluntários a entregar de forma espontânea materiais publicitários, como santinhos e bandeirinhas.