A cada coluna do politburo da Globo em que Lula não é chamado de bandido, parte da esquerda embala num discurso triunfalista.
Cautela e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém.
Ascânio Seleme, ex-diretor do jornal dos Marinhos com nome de xarope, deu o nome de “Lula Inocente” a um artigo publicado hoje.
Não, Ascânio não defende essa tese. Simplesmente traça um cenário em que o ex-presidente, sendo candidato, muda o “tabuleiro sucessório”.
Ascânio trata um resultado porventura positivo para Lula no julgamento da suspeição de Moro no STF como “tapetão jurídico”.
“Tapetão” é sinônimo de resultado roubado, que fique claro.
A eventual vitória, diz ele, “não elimina o fato de os governos de Lula e Dilma terem sido hospedeiros de incontáveis e astronômicos esquemas de corrupção”.
Segue:
Um novo julgamento terá de ser feito sobre a mesma acusação, o que certamente demandará tempo, já que parte do ponto zero. Isso não significa que o ex-presidente não tem culpa, o que terá de ser comprovado pelos seus advogados no tribunal.
Mas uma palavra que já está sendo empregada pelos seus apoiadores será a que vai embalar uma eventual campanha de Lula. Inocente! (…)
O cenário atual da economia não é bom e tudo indica que ainda vai se deteriorar mais. Mesmo assim, o fato é que com os cofres abertos Bolsonaro vai fazer campanha no modelo bolsista. E Lula, isolado na esquerda, terá de fazer um esforço que hoje não está disposto a fazer para tentar atrair o centro.
Dificilmente vai conseguir. A construção desta ponte deveria já estar em andamento, mas com o ex-presidente o PT navega praticamente sozinho. Mesmo posando de inocente e perseguido, a candidatura do maior líder petista pode acabar dando um segundo mandato a Bolsonaro.
“Posando de inocente” é um eufemismo para culpado.
Você vai argumentar que o autor é alto executivo da Globo e não fala por si só.
Certo, mas o que ele está contando? Algo que indique uma mudança de posição da casa, digamos?
Não.
Às vezes, um charuto é só um charuto. Um pedaço da esquerda precisa parar de abanar o rabo para os Marinhos a cada latida que eles dão.