“Não se Mexa”: thriller é o filme mais assistido na Netflix no mundo

Atualizado em 5 de novembro de 2024 às 17:06

O longa-metragem “Não se mexa” tem liderado as listas de filmes mais assistidos em plataformas de streaming na última semana em diversos países latino-americanos e no Canadá. Essa popularidade despertou minha curiosidade, levando-me a conferir esse sucesso que transcendeu barreiras e continentes.

O roteiro tenta reinventar o clima de abusos e psicopatias, tão recorrentes no cinema americano, já exaustivamente explorados nas telonas. Dirigido por Adam Schindler e Brian Netto, cineastas amigos desde a infância em Minnesota, ambos têm um histórico focado em filmes de terror, como “Delivery: The Beast Within” (2013) e “Intruders” (2015). O filme, protagonizado pela talentosa e carismática Kelsey Asbille (de “Yellowstone”), foi escrito por TJ Cimfel e David White (de “V”) e produzido pela Hammerstone Studios, Capstone Studios e Raimi Productions, esta última do renomado Sam Raimi, diretor da trilogia “Homem-Aranha” (2002-2007) e “Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio” (1981).

A trama de “Não se mexa” acompanha a angustiante jornada de Iris, interpretada por Asbille, uma mãe depressiva e enlutada que se vê sem saída em uma floresta na Califórnia, no que seria o dia mais sombrio de sua vida.

Ela estava prestes a suicidar-se quando é surpreendida por um estranho, interpretado por Finn Wittrock (de “American Horror Story”), que se aproveita de sua fragilidade para aplicar um agente paralisante, configurando o início de uma luta desesperada pela sobrevivência.

Os produtores do filme apostam numa produção digna das grandes telas, visando um público amplo e, como é típico no setor, não economizaram na divulgação digital e em influenciadores.

Um desfile de drones em ambientes selvagens, perseguições intermináveis, o psicopata pai de família e diálogos supostamente sofisticados. O elenco inclui Daniel Francis (de “Bridgerton”), Moray Treadwell (de “Piratas do Caribe: O Baú da Morte”), Dylan Beam (de “The Face of Evil”) e Skye Little Wing Dimov Saw (de “El Cavil”).

“Desenvolvemos o roteiro em um período em que muitos estavam presos, tanto fisicamente quanto emocionalmente”, compartilhou o diretor Schindler, em tentativa de justificar a abordagem do filme. “A ideia de uma personagem que estava pronta para desistir da vida, mas que, em seguida, se vê em uma situação de sobrevivência, nos pareceu muito poderosa”, acrescenta Netto.

O diretor de fotografia conseguiu manter o padrão de uma superprodução, uma marca de Sam Raimi, entregando cenas visualmente interessantes, porém isso não foi suficiente para salvar o filme de se tornar apenas mais uma opção na vasta prateleira de escolhas dos streamings.

O impacto propagado não se materializou, deixando dúvidas sobre como as fórmulas de sucesso no cinema estão sendo adaptadas para novas plataformas.

Curiosamente, com duração de pouco mais de uma hora e meia, “Não se mexa” parece inicialmente ter sido concebido como um média-metragem estendido para um longa-metragem, com ideias e subtramas arrastadas e uma violência exacerbada, que no fim, não agregam muita coisa.

“Não se mexa” é um filme para passar adiante, um pastiche que a Netflix insiste em oferecer a seus assinantes menos exigentes. Mas garante alguns belos sustos.