Não tem “Posto Ipiranga” no governo Lula. Por Fernando Brito

Atualizado em 9 de novembro de 2022 às 13:42
Ilustração sobre transição de governo – Foto: Reprodução

Vai ficar chupando dedo quem fica exigindo “para ontem” que Lula indique seus ministros, a começar pelo da Fazenda.

E a razão é que o novo presidente só vai definir quem ocupa cada banco do ônibus que pretende ser seu governo quando todos os passageiros possíveis, mesmo os mais renitentes e mal-encarados, subirem a bordo.

Erra também – e há muitos cometendo este erro – quem acha que o novo Ministro da Fazenda será o xerife dos gastos públicos e da economia

Não será mais – como no desastroso período Paulo Guedes – o “dono do pedaço”, porque atuará dentro de um sistema de freios e contrapesos com um renascido e forte Ministério do Planejamento, ou algo que, com outro nome, faça este papel.

Se batismo fosse tudo, seria melhor chamar o primeiro de Ministério da Recuperação Econômica e da “Mão de Vaca” e o segundo de Ministério da Despesa Controlada, servido de filtro apertado às demandas, estas imensas, dos demais setores da economia.

A própria composição heterogênea da equipe responsável pela transição na área econômica já indica isso: o presidente eleito não será prisioneiro de um único ponto de vista econômico, mas estimulará o contraditório nos métodos, desde que haja unidade nos fins.

Lula sabe que é preciso fazer com que a a tensão entre funções e visões diferentes vá se acertando, como quem regula a temperatura da água de um chuveiro e, no caso, é ele próprio quem a regulará.

Ao contrário do que fez Bolsonaro, não terceirizará para um “Posto Ipiranga” a gestão econômica e não é possível acreditar que a gente tão “sabida” do mercado não tenha entendido que o Ministro da Economia de Lula é Lula, seja quem for a pessoa que ele nomeie Ministro da Fazenda.

É tolo também achar que a autorização, via PEC, do aumento de despesas, que os comentaristas tratam como uma “licença para gastar”, vá, necessariamente, transformar-se em gasto efetivo. Significa, essencialmente, “paz para governar”, porque devolve ao governo o mínimo de margem para fazer frente à necessidades que podem surgir e não podem deixar a administração manietada.

Publicado originalmente em Tijolaço

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