Originalmente publicado em BLOG DO MOISÉS MENDES
Por Moisés Mendes
Eduardo Pazuello está passando excesso de confiança nas aparições na TV. Colocou gravata, aprumou-se e parece impressionado com a própria voz.
O tom de Pazuello, antes vacilante, agora é categórico. O general pode estar a caminho do desastre que derruba os medíocres tomados pela soberba.
Pazuello acha que virou político e que pode ser um novo Mandetta. Esta semana, ele repetiu duas vezes, como se estivesse encantado com uma descoberta, que a data exata para início da vacinação é janeiro. A data exata é janeiro?
Pazuello disse na quinta-feira que haverá vacina para cada brasileiro. Bolsonaro disse logo depois que não haverá vacina para todos, ao condenar a decisão do Supremo de dar aos governos autoridade para punir quem não quiser se vacinar.
Na sexta, Pazuello disse que a decisão era vista com naturalidade e que haverá, sim, vacina para todos.
Pazuello já comprou a CoronaVac, que Bolsonaro mandou que devolvesse e depois mandou recomprar. E já disse que não há motivo para as pessoas estarem ansiosas.
O problema é que, sob pressão, Pazuello está com a síndrome do microfone, ou da latinha, como diz o pessoal de rádio.
Profissionais do microfone, no embalo, dizem bobagens. Amadores e despreparados, como é o caso de Pazuello, estão em risco permanente. Eles dizem grandes besteiras.
O ministro empolgou-se com a performance. Mas há uma bobagem engatilhada na boca de Pazuello, que pode ser disparada a qualquer momento. Pazuello é um perigo.
Só não tirem o microfone dele. Deixem o homem falar, se possível que discurse (ele já andou discursando). Pazuello é a aposta do grande desastre.
Fale mais, Pazuello, vença essa timidez, discurse para os jacarés e, se possível, contrarie Bolsonaro. Solte todas as bobagens represadas.
O SUS, os servidores da saúde, os Estados e os municípios vão compensar todas as besteiras ditas e cometidas pelo ministro que tenta deixar de ser interino, transitório e provisório. Te solta, Pazuello.