O presidente da CPI do 8 de janeiro, Arthur Maia (União Brasil-BA), foi entrevistado pelo jornal O Globo. Na publicação deste domingo (4), o deputado federal afirmou que não tem “investigado de estimação” quando foi perguntado sobre o papel do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos atos golpistas. O parlamentar não quis associar sua posição a nenhum dos “lados” na disputa de narrativas, se dizendo imparcial na condução das investigações pela Comissão. Maia também fez coro com a relatora da Comissão, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) quando disse que não permitirá que os trabalhos descambem para uma “anarquia”. Veja trechos:
No que a CPI pode avançar para além do que PF e MPF já estão fazendo?
Pode contribuir com a transparência. Porque é um caso muito sério, uma acusação de que aconteceu uma tentativa de golpe de Estado, com o propósito de interromper o estado democrático de direito. Não é uma questão judicial, uma investigação policial como qualquer outra, é um assunto que diz respeito a todo o povo brasileiro. Em uma Comissão Parlamentar de Inquérito, os depoimentos são públicos, os documentos vão ser expostos, não haverá sigilos e as pessoas poderão acompanhar e formar juízo de valor do que de fato aconteceu.
(…)
O senhor acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro teve alguma participação?
Tem dois pontos que vão nortear a minha presidência. A primeira delas é que não vou sequer pautar, não vou dar nenhum crédito a pessoas que queiram utilizar a CPI de maneira política para fins eleitorais. O segundo ponto é que não tenho investigado de estimação. Se houver indícios contra qualquer pessoa que seja, eu colocarei o requerimento em pauta e o plenário decidirá se vai aprovar ou não.
E como o senhor viu as imagens do ex-ministro do GSI, Gonçalves Dias, circulando pelo Palácio do Planalto no dia 8?
Eu sou presidente da CPI, não vou fazer juízo de valor sobre a atividade de ninguém. Vou presidir a CPI e qualquer juízo que eu fizer eu vou estar prejulgando. Nenhum deputado, nenhum senador que está na CPI deve fazer isso antes de ouvir os depoimentos, de que aconteçam de fato as investigações. No meu caso, que sou responsável por presidir os trabalhos, essa responsabilidade e esse apego a essa imparcialidade é dobrado. Não posso responder porque não quero fazer juízo de valor sobre fato que aconteceu e pode ser investigado. (…)
Governistas inicialmente foram contra a CPI sob argumento que ela pudesse se tornar palco para discursos golpistas. Como evitar isso?
Eu não vou permitir de maneira nenhuma que os trabalhos da CPI descambem para a anarquia. Isso eu garanto que não há hipótese de acontecer. Vou me valer de todos os instrumentos que estiverem disponíveis, em última instância, até denúncias ao Conselho de Ética para evitar que haja qualquer tipo de balbúrdia de pessoas que queiram tumultuar os trabalhos da CPI. Isso não me preocupa de maneira nenhuma.