Li a cacetada em Huck publicada no excelente blog de Nassif.
Como tantos, imaginei que o texto fosse do próprio Nassif. Na verdade era de um blogueiro conhecido como Escritor. Foi assim que ele assinou o artigo atribuído a Nassif.
Ao tema.
Não tenho o que dizer sobre a caridade discutível de Huck em relação aos atingidos pela tragédia das águas no Rio. O Escritor acha uma palhaçada autopromocional. Não vi o que Huck tem a dizer, se tem.
Agora.
Sei que, de um modo geral, tanto mais elogiável a caridade quanto mais discreta. Que a mão direita não saiba o que a esquerda faz. Este é o ideal.
A ajuda envolta em publicidade, como foi o caso, perde valor.
Huck, se ganha dinheiro e fama com o tipo de atividade em que está há anos envolvido, perde em prestígio e em credibilidade. Ninguém leva muito a sério um cara que parece estar num programa de televisão o tempo todo. Daí não lhe cair fácil a roupagem de homem solidário com os desvalidos.
Como imaginá-lo preocupado que não com sua imagem, o Ibope e os cifrões?
A televisão tem este paradoxo. Faz milionários na área de entretenimento, mas não lhes dá respeitabilidade. O dinheiro compra muito, mas não isso.
Tenho a sensação de que Huck não quis deliberadamente explorar a miséria alheia ao vincular a ajuda aos desabrigados a um negócio seu.
Mas nele tudo parece tão vinculado às coisas materiais e a seu mundo extravagante que mesmo uma ajuda a miseráveis acaba incluindo algum benefício a ele próprio.
Se quer ganhar respeitabilidade com benemerência, Huck acaba de aprender com o Escritor que o caminho não é o das superproduções espetaculares em que seu nome ou da alguma empresa sua cintile acima dos favorecidos.