O negacionista confia muito na Justiça. Por Moisés Mendes

Atualizado em 16 de janeiro de 2022 às 15:03
Veja o Novak Djokovic
Novak Djokovic. Foto: Wikimedia Commons

O jornalista Moisés Mendes comenta sobre o negacionista Novak Djokovic, tenista que não se vacinou e foi extraditado da Austrália.

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Negacionista confia muito na Justiça

Novak Djokovic entrou na Austrália sem vacina para exercer o seu direito à liberdade individual, em conflito com os direitos da grande maioria, por ter pensado só nele?

Não. Não embarquem nessa versão. Djokovic não pensou só nele. Pensou em todos os que o seguirão como líder mundial do negacionismo.

Djokovic tem a ambição de ser o cara que leva os aventureiros fortes e libertários para a montanha mais alta. Ele é o Bolsonaro do mundo.

Essa conversinha de que o tenista queria apenas jogar enrola quem quiser ser enrolado. O sujeito foi tomado pela ambição de ser exemplo mundial contra a ciência e não só contra a vacina.

Ele queria ser o maior vencedor de todos os tempos de Grand Slams, e sem vacina. Mas como modelo para o mundo.

Está presente aí a ideia da supremacia branca do século 21, e não só no esporte, em meio a uma pandemia.

Os mais fortes não são abatidos pelos vírus e não podem ter seus corpos perfeitos invadidos por vacinas.

Isso é para os outros, os comuns. Se não sobreviverem, é porque eram comuns e inferiores.

Hitler aplaudiria Djokovic jogando aquela bola certeira no rosto de uma juíza em Nova York. Aquela agressão tem um sentido.

E o interessante é que ele lutou até o fim para ficar na Austrália sem vacina com a ajuda da Justiça.

O supremacista, o racista, o militante negacionista e o fascista poderosos, que no fim são todos a mesma coisa, acreditam muito na Justiça. Às vezes dá errado, como deu para o sérvio.

No Brasil, todos os negacionistas denunciados por crimes graves, na lista de pedidos de indiciamentos da CPI do Genocídio, acreditam muito na Justiça.

ELE PODE?
O véio da Havan teve a conta no Twitter bloqueada esta semana porque, segundo o próprio Twitter informou à Folha, cumpria-se ordem da Justiça e porque ele havia violado regras da plataforma.

Mas a conta foi desbloqueada hoje, três dias depois, por decisão do Twitter, que diz considerar os argumentos do bloqueado.

Em três dias, o véio foi anistiado por voltar a respeitar as regras? Com que argumentos?

E a tal ordem da Justiça? A ordem foi revogada? Que história é essa?

A Folha diz que o sujeito havia postado um vídeo contra a vacinação de crianças.

Para o Twitter, isso não é grave? O Twitter também tem medo do véio da Havan?

E as pessoas que ficam bloqueadas nas redes por um mês por qualquer besteira?

(Compartilho o link do meu perfil no Facebook, para que os que quiserem olhar os comentários de quem já foi bloqueado nas redes e teve outro tratamento)

https://www.facebook.com/profile.php?id=100012432570594

ELE DE NOVO
Mais uma do véio. A Folha informa hoje que o Ministério Público Federal abriu inquérito na semana passada para averiguar a atuação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na autorização de um projeto de loja da Havan no centro histórico de Blumenau (SC).

O órgão aponta as características arquitetônicas do empreendimento, que destoam do ambiente urbanístico do entorno, podendo impactar dois bens tombados na cidade, a Igreja Luterana do Espírito Santo e o Museu da Família Colonial.

O véio da Havan ganha sempre, com raras exceções. Sempre lembrando que o Iphan que agora autoriza as lojas e as réplicas grotescas da estátua da liberdade foi perseguido quando da questão do sítio arqueológico em Rio Grande, em 2019.

Diretores e até a presidente do Iphan, Katia Bogéia, foram demitidos. O próprio Bolsonaro admitiu depois que mandou Kátia embora porque havia contrariado interesses do véio da Havan.

O Iphan que agora autoriza a estátua em Blumenau é o que, com novo comando, segue as orientações de Bolsonaro.

O governo livrou-se de Kátia e diretores do instituto para que as lojas e as estátuas sejam erguidas sem obstruções de servidores públicos que cumprem suas obrigações.

Katia e os diretores caíram porque cumpriram com o que manda a lei. Foram expulsos por Bolsonaro e talvez não aconteça nada. A loja em Rio Grande foi erguida na área do sítio.

A marca dos empreendimentos do véio da Havan é o conflito que divide comunidades. Foi assim no Rio Grande do Sul (em Santa Maria, Pelotas, Rio Grande, Canela, Passo Fundo) e em todos os Estados.

Ele ergue as lojas onde acha que devem ser erguidas, e com a aberração da estátua de plástico sempre na frente do prédio. E tem muita gente que se diz democrata que compra cuecas verdes amarelas nas lojas do véio.

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