Um conflito entre Celso Amorim, assessor especial da Presidência, e o Ministério da Defesa, chefiado por José Múcio, está bloqueando a aquisição de 36 blindados fabricados em Israel, conforme informações do UOL.
Amorim, descontente com a postura de Israel em relação ao Brasil, atuou para que o negócio não se concretizasse. Na opinião do ex-chanceler, não faz sentido prosseguir com a negociação com um país que desrespeita o principal líder brasileiro.
No início deste ano, o governo de Israel declarou o presidente brasileiro “persona non grata” após Lula comparar a situação dos palestinos durante o conflito com o Hamas ao Holocausto.
A suspensão da compra gerou descontentamento no Exército, que considerou o equipamento israelense superior aos concorrentes nas avaliações técnicas. A aquisição das viaturas blindadas de combate, avaliada em R$ 1 bilhão, é considerada vital para o Programa Forças Blindadas.
Vale destacar que, desde 2017, o Exército brasileiro tem investido na modernização de sua infantaria mecanizada. A licitação internacional foi vencida pela empresa israelense Elbit Systems, mas Amorim conseguiu convencer Lula a adiar a compra.
O Ministério da Defesa e o Exército argumentam que, apesar da atitude de Netanyahu, o Brasil ainda mantém relações diplomáticas com Israel e que a controvérsia é restrita aos governantes, já que as viaturas possuem uma vida útil que transcende os mandatos de ambos.
Amorim propôs que o contrato fosse transferido para a segunda colocada na licitação, uma empresa tcheca, mas o Ministério da Defesa rejeitou essa ideia, alegando falta de fundamentos técnicos para a mudança e o risco de criar um precedente “perigoso”.
Fontes ligadas ao Planalto informaram que Múcio entrou em contato com representantes da Elbit Systems no Brasil e foi informado de que, caso a negociação seja concluída, a empresa pretende construir uma nova fábrica no país.
A Elbit já possui duas plantas no Brasil, uma no Rio Grande do Sul e outra no Rio de Janeiro. As primeiras unidades dos blindados seriam produzidas com 60% de peças israelenses e 40% de componentes brasileiros, para garantir que atendam às especificações do Exército. As demais 34 viaturas seriam totalmente fabricadas no Brasil em uma nova planta da Elbit, prevista para ser concluída até 2027.
Múcio apresentou essa proposta a Lula na semana passada, e o presidente afirmou que irá “resolver a questão”. Ainda não foi definido um prazo para uma decisão final. Além disso, a criação de empregos de alta tecnologia é vista como um argumento favorável para obter apoio do PT.
Além disso, o ministro da Defesa enviou um ofício ao Tribunal de Contas da União (TCU) destacando a impossibilidade de escolher a segunda colocada na licitação. A expectativa é que o TCU se manifeste sobre o assunto ainda nesta semana.