Faz tempo que a Rede Globo se esforça na tarefa de devolver popularidade à Angélica, sem sucesso.
O vídeo-game – uma extensão do Vídeo Show -, programa de variedades, um programa ruim de entrevistas chamado “Estrelas”, e nada adiantou: a esposa de Huck continua sendo, no máximo, esforçada.
Afastada dos estúdios Globo desde 2018, ela voltou à programação no último sábado com o programa “Simples assim”, que vai tratar de temas como felicidade, família, sexo e relacionamentos.
Já na estreia, foi preciso apelar: falar da própria intimidade com o marido foi a estratégia, e rendeu revelações no mínimo constrangedoras (seria menos humilhante ter ido parar na Record).
A apresentadora revelou que o casal costuma marcar na agenda o dia de fazer sexo. . Quarta-feira: ir ao supermercado, pagar a diarista, buscar as crianças na escola, 30 minutos de papai-e-mamãe.
Não julgo: encarar o Huck deve exigir mesmo preparo psicológico prévio.
Mas o que uma pessoa dessas teria a compartilhar de positivo sobre relacionamentos? A resposta a esta pergunta revela, por si só, que esse programa dará tão certo quanto as últimas tentativas da Rede Globo de voltar a emplacar Angélica.
Levantar a bandeira da liberdade sexual feminina também parece fazer parte dessa estratégia. Ao falar sobre vibradores, a apresentadora lembrou que “hoje a mulher está tendo muito mais liberdade pra exigir prazer.”
Certíssima, né?
Receio que não.
Prazer genuíno não precisa ser exigido: é dado de bom grado. Se você precisa exigir, agendar, marcar previamente no calendário, significa que, no mínimo, o sexo não tem fluído assim tão naturalmente.
O que fazer, então?
Qualquer coisa, menos um programa dando dicas de relacionamento e intimidade pros outros. Só mesmo a Globo pra acreditar que a sua audiência – mesmo a sua audiência! – em pleno Século XXI, vai aceitar de bom grado conselhos sexuais de uma ex-estrela que marca dia no calendário pra transar com o marido.
Isso nem o seu público merece, Dona Globo.
E tudo bem querer – mesmo que tão forçosamente – fazer com que a estrela da Angélica brilhe novamente, mas vamos combinar: os elefantes brancos da televisão brasileira – Angélica, Xuxa, as paquitas, Eliana, Tiazinha e o escambau – já tiveram os seus momentos de glória, e viva os anos 90.
Agora, não basta ser loira padrão: é preciso personalidade. Ganha popularidade quem tem carisma – e nessa, me perdoem os fãs, Angélica perde feio.
Que coisa triste é testemunhar a decadência de quem não aceita cair e acaba, com isso, por perdere também a dignidade – quem sabe a única coisa que poderia lhe restar – pelo caminho.