Nem Serra, nem FHC… a falta de caciques na convenção do PSDB que oficializou Doria. Por José Cássio

Atualizado em 25 de julho de 2016 às 0:22

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O arroz de festa Bruno Araújo, autor do fatídico voto 342, que em 17 de abril selou o infortúnio da presidente Dilma Rousseff na câmara dos deputados, e que já havia abrilhantado o fracassado 1° de Maio da Força Sindical deste ano, voltou a ter os seus 15 minutos de fama: foi na convenção municipal do PSDB, que neste domingo, 24, oficializou a dupla João Doria-Bruno Covas como candidatos a prefeito e vice na eleição de São Paulo.

Fazendo justiça ao atual ministro das Cidades do governo interino de Michel Temer, outros dois tidos como “carne de vaca” também deram as caras: o governador de Goiás, Marconi Perillo, que alegou que falava por outros tantos chefes de estado do PSDB e partidos aliados, e o líder do PSDB na câmara, Antonio Imbassahy (BA).

No mais, o que se viu foi uma convenção esvaziada de militantes orgânicos e principalmente de lideranças de envergadura nacional: deixaram de comparecer, num gesto que foi considerado como um boicote à candidatura de João Doria, o chanceler interino José Serra, o senador suplente José Aníbal, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador Alberto Goldman – este não só se ausentou como convocou seus correligionários para boicotarem o evento.

“João Doria é um candidato que venceu uma prévia de forma ilegítima e que está sendo contestado na Justiça eleitoral”, anunciou Goldman em um vídeo postado na sua página no facebook.

Entre os protagonistas, Alckmin discursou escolhendo o PT como alvo.

“Os 13 anos de lulopetismo levaram o país a ser saqueado, literalmente”, disse o governador. “O PT quer vencer a eleição para se redimir e resolver seus problemas. Ao contrário, João Doria e Bruno Covas querem a eleição para ajudar a solucionar os problemas do povo”.

Entre os caciques que não apoiaram Doria nas prévias, o único que marcou presença foi o senador Aloysio Nunes.

Ele fez questão de ressaltar a sua fé na unidade partidária e na obstinação do candidato.

“Pelo que fez até aqui, Doria está habilitado para vender geladeira para esquimó”, brincou Aloysio, em alusão à costura da maior coligação partidária do PSDB em eleições municipais, com 11 partidos – PSL, PSB, PMB, PHS, PV, PPS, PP, DEM, PTdoB, PRP e PTC.

Outra constatação do evento é a redução drástica da militância.

Entre os poucos que compareceram, o discurso é o de que o partido precisa recompor seus quadros e buscar a unidade: o pré-candidato a vereador Edson Aparecido, ex-secretário da Casa Civil e ex-braço direito de Alckmin é a aposta dos militantes para assumir esse papel na Câmara municipal.

Entre as preocupações da base está saber como se dará daqui por diante a dupla “Martarazzo” – que é a união do PSD de Gilberto Kassab, indicando o vice, Andrea Matarazzo, com o PMDB de Michel Temer, que tem Marta Suplicy na cabeça de chapa.

João Doria? O de sempre – e tudo aquilo que os filiados tucanos não estavam acostumados: discurso performático, jingle com apelo comercial, papo furado do pai, da mãe, da mulher, dos filhos, dos irmãos, etc, etc, hino de Brasil com todo mundo de mãos dadas – a plateia não aderiu – e pra encerrar a música tema da Globo nas corridas de Ayrton Senna.

A sensação que ficou da convenção remete ao ex-todo poderoso secretário da Casa Civil do Palácio dos Bandeirantes, Arnaldo Madeira.

Para desmerecer a base do partido, e defender que a mobilização de bairro não serve para coisa alguma, Madeira gostava de dizer que militantes políticos só prestam para pedir emprego.

Quando muito, dizia Madeira, filiados servem para fazer volume em grandes encontros, quando se capta imagens pera os programas eleitorais de televisão – estes, sim, decisivos para o sucesso ou o fracasso das campanhas.

Salvo eu esteja muito enganado, essa é a aposta de João Doria.