Nem velha, nem nova. Só política. Por Fernando Guedes

Atualizado em 21 de abril de 2019 às 19:52
 Eduardo Leite ao centro (Foto: Bernardo Bortolotto/RBSTV)

Publicado originalmente no site Os Divergentes

POR FERNANDO GUEDES

Estava procurando informações sobre o greNAL (assim mesmo, porque o Internacional é muito maior que eles) na manhã de domingo, 14 de abril, e li notícia de que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, tinha usado uma rede social para responder a postagem de um site gaúcho que o criticara pela presença da deputada Maria do Rosário (PT) numa solenidade de entrega de viaturas para a Polícia Civil. Ele foi curto, direto e preciso dizendo o óbvio: é governador de todos os gaúchos.

Nestes bicudos tempos, em que a afirmação de Umberto Eco de que as redes sociais deram voz a uma legião de imbecis se mostra muito atual (ele falou isso em 2015, na Itália) e que precisamos que nossa juventude se interesse, sim, pela política, a postura do governador chama ainda mais atenção. Se pensarmos bem, a atitude é simples, mas acaba ganhando ares de extraordinária. Quem quiser conferir, só clicar aqui.

O discurso dele de que ao assumir o cargo governa para quem votou nele e nos adversários também e que os deputados presentes ao evento estavam ali por estarem credenciado pelas urnas, nos leva a duas constatações:

– Política boa é política a favor de alguma coisa boa. Exatamente o contrário do que aconteceu na eleição do ano passado, quando o que decidiu o resultado foi o voto contra. Os dois candidatos levados ao segundo turno falaram pouco em fazer. E trataram mais de se opor a algo.

Ganhou quem apoiou o discurso – gritado nas redes sociais – “contra tudo isso que está aí”. Perdeu o candidato que teve os votos de quem era contra “o radicalismo de direita, os militares, o entreguismo dos privatistas…” e que passou boa parte da campanha travestido do chefe impedido de se candidatar.

A eleição passou. Mas as redes continuam ecoando mais tentativas de desqualificar e desconstruir – de ambos os lados – do que propostas de construção e refazimento. Agora, é tempo de governar e fazer política.

Por isso, a resposta do governador do Rio Grande do Sul é um bom exemplo de comunicação correta e contemporânea, essencial para lideranças modernas e uma forte demonstração de que , mais do que nunca, o Brasil precisa da política.

Podem esses citados por Eco discordar do conteúdo. Mas acredito que não dá para discordar da forma. Em lugar de gritar tuítes em letras maiúsculas para desqualificar o autor da crítica, o governador se colocou como o líder vitorioso que, passada a campanha tem a noção exata do que é governar, exercer o poder.

Ao fazer isso, Eduardo Leite garantiu aos eleitos pela oposição a mesma legitimidade dada a ele pelos votos vencedores no Rio Grande do Sul.

Sem se dizer dono único da verdade, sem se referir diretamente ao partido da deputada Maria do Rosário (PT), sem tecer loas ao próprio partido (PSDB), sem desqualificar ninguém, o governador do Rio Grande do Sul mostrou nos poucos minutos desse vídeo que é possível governar para todos respeitando os que não votaram no vitorioso. Isso é política. Nem nova, nem velha. Só política. Simples assim.