O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, rejeitou um possível acordo de cessar-fogo com o Hamas em um discurso acalorado nesta segunda-feira (30). Em meio a uma escalada de tensões, o sionista enfatizou a necessidade de continuar a luta contra o grupo após o ataque do Hamas em 7 de outubro.
“Mesmo as guerras mais justas têm vítimas civis não intencionais”, afirmou Netanyahu, que acusou o Hamas de usar civis como escudos e manipular perdas civis para culpar Israel. Ele também alegou que o grupo terrorista usava instalações como porões de hospitais para esconder suas atividades.
“Você deve se lembrar do que Amaleque fez com você, diz nossa Bíblia Sagrada”, disse durante o pronunciamento. Amalaque, no contexto bíblico, é descrito como inimigo dos israelitas. “Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos”, diz a passagem I Samuel, 15:3.
?? AGORA: Netanyahu diz que não haverá cessar-fogo:
“A Bíblia diz que há tempo para a paz e tempo para a guerra. Este é um tempo para a guerra”. pic.twitter.com/lCOLrLLzdi
— Eixo Político (@eixopolitico) October 30, 2023
O líder sionista também comparou a situação atual a eventos históricos nos Estados Unidos, mencionando os ataques a Pearl Harbour em 1941 e às Torres Gêmeas em 2001, enfatizando que assim como os EUA não aceitariam um cessar-fogo nessas ocasiões, Israel também não concordará com um cessar-fogo agora.
Enquanto Netanyahu expressava sua recusa ao cessar-fogo, tropas e tanques israelenses intensificaram os ataques à Cidade de Gaza nesta segunda, ampliando a operação terrestre que já estava em curso há quatro dias. Autoridades israelenses relataram ataques por terra, ar e mar, acentuando ainda mais a crise na região.
Segundo o porta-voz militar Daniel Hagari, caças israelenses atingiram 600 alvos desde domingo (29), resultando na morte de dezenas de, segundo eles, terroristas, incluindo cerca de 20 integrantes do Hamas atingidos por artilharia. Vídeos divulgados mostram tanques Merkava em ação ao lado de grandes escavadeiras.
Enquanto isso, a ajuda humanitária para os 2,3 milhões de moradores de Gaza continua a enfrentar desafios, com os bombardeios constantes prejudicando a entrada de suprimentos pela fronteira egípcia em Rafah. Residentes relatam noites terríveis e interrupção parcial da comunicação devido aos ataques israelenses.
Na sexta-feira (27), durante a Assembleia-Geral da ONU, uma proposta de resolução para o conflito entre Israel e Hamas, apresentada pela Jordânia e apoiada por países árabes, foi aprovada. O texto solicita uma “trégua humanitária imediata” nos bombardeios em curso na Faixa de Gaza. A resolução destaca a urgência de se estabelecer um cessar-fogo para garantir a segurança e o bem-estar dos civis afetados pelo conflito.
Além da trégua imediata, o texto exige “o fornecimento imediato, contínuo, suficiente e sem entraves de bens e serviços essenciais aos civis em toda a Faixa de Gaza, incluindo, entre outros, água, alimentos, suprimentos médicos, combustível e eletricidade, sublinhando a necessidade imperativa, nos termos do direito humanitário internacional, de garantir que os civis não sejam privados de bens indispensáveis à sua sobrevivência”.