O general Gustavo Henrique Dutra, que chefiava o Comando Militar do Planalto (CMP) durante os atos terroristas de 8 de janeiro, afirmou nesta quinta-feira (18) que “ninguém disse que o acampamento” em frente ao quartel do Exército em Brasília era ilegal, mas que, apesar disso, eles tentaram desmobilizá-lo.
“Em dezembro, com a diplomação do presidente [Luiz Inácio Lula da Silva], o acampamento foi diminuindo e nós aproveitamos essa desmotivação das pessoas para intensificar as medidas de restrição ao acampamento”, disse em sessão da CPI dos Atos Antidemocráticos.
Segundo Dutra, um militar do CMP foi ao acampamento e disse aos manifestantes para passarem o Natal em suas casas. “Era essa a ideia: ‘Vá para casa, já deu. Perdeu seu motivo’. A manifestação ninguém disse que é ilegal, mas não tem mais razão de ser”, declarou.
Bolsonaristas que ficaram acampados em frente ao QG do Exército após as eleições, que definiram a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, consequentemente, a derrota de Jair Bolsonaro (PL), pediam intervenção militar e um golpe de Estado. Muitas delas foram presas depois dos ataques terroristas do dia 8 de janeiro, que culminaram na depredação das sedes dos Três Poderes. Elas são investigadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A fala foi feita durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, que acontece na Câmara Legislativa do Distrito Federal.
A participação do general ocorreu por meio de convite como testemunha, e não por convocação. Ou seja, ele não era obrigado a comparecer. Dutra compareceu à sessão sem a presença de um advogado e explicou que chefiou o Comando Militar do Planalto de 8 de abril de 2022 a 23 de março de 2023.