No Bolsa Família, como no INSS, a “fila” é arrocho nos pobres. Por Fernando Brito

Atualizado em 10 de fevereiro de 2020 às 19:54
Bolsa Família

Publicado originalmente pelo Tijolaço:

POR FERNANDO BRITO

Tal como vem se dizendo aqui que o atraso gigantesco na concessão de benefícios previdenciários não é resultado de uma explosão (que por sinal, nem houve) no número de pedidos de aposentadoria – estes representam apenas 1/3 da fila e não exigem “novos programas, um vez que são, na grande maioria, devidos pelas regras anteriores à reforma – , também a fila de 1 milhão de pedidos de “Bolsa Família” é um expediente para que o governo possa fazer “caixa” e apresentar saldos, ou déficits menores, nas contas do Tesouro.

Problemas gerenciais pode e, de fato, devem existir, mas a essência do caso é “fazer receita” empurrando despesas para a frente.

No caso do Bolsa Família, até com mais crueldade do que na Previdência, porque todos são gente que está em estado de necessidade e os números que a Folha traz hoje mostram que esta gente é um multidão.

Dos 250 mil benefícios concedidos antes, o número de liberações de pagamento baixou para meros 5,4 mil, na média dos últimos meses.

2%, o que quer dizer que de cem famílias carentes, 98 ficam a ver navios.

O que, no caso, muitas vezes é passar fome.

Se este país tivesse ainda um Ministério Público, este estaria acionando o governo para cumprir a lei que instituiu o Bolsa Família e obrigando ao exame dos pedidos em caráter de urgência, pois se trata de recursos comparáveis juridicamente aos alimentos.