No Dia do Orgasmo, Zezé Motta relembra relação com o sexo ao longo da vida: “Saudável e prazeroso”

Atualizado em 31 de julho de 2023 às 18:20
Zezé Motta. Foto: Imagem: Divulgação/Raquel Cunha/Globo

Nesta segunda (31), data que celebra o Dia Mundial do Orgasmo, Zezé Motta fez uma série de reflexões sobre a vida sexual de mulheres e questões de saúde relacionadas ao tema. A atriz, que tem 79 anos, contou como foi sua relação com o sexo ao longo da vida, relembrou sua infância e falou sobre se tornar um símbolo sexual ao interpretar Xica da Silva.

Leia o relato na íntegra:

Neste Dia do Orgasmo, quero reforçar que, para as mulheres, buscar o prazer sempre foi uma coisa proibida, pecaminosa, por questões culturais e de educação. Já o homem é muito mais estimulado a isso.

Esse é um dos motivos, para mim, que tornam importante a existência do Dia do Orgasmo. Que nós mulheres possamos desenvolver esse olhar sobre si e entendamos que podemos gostar de sexo e sentir prazer, ao mesmo tempo em que descobrimos o próprio corpo.

Uma vida sexual regular tem a ver com saúde. Além de ser saudável, é prazeroso. Relaxa. Agora, inevitavelmente a maturidade tem suas vantagens.

Fui casada cinco vezes e hoje estou com um novo namorado, não tenho o mesmo corpo, sou uma outra mulher, outra cabeça, faço atividade física, sim, sou idosa, faço reposição hormonal e assumo que sinto falta de sexo quando não o faço, sou mulher, madura, saudável, normal… Isso é a vida!

Anos depois, em 1976, fiz Xica da Silva, filme que meu levou ao estrelado e ao status de símbolo sexual. Meus parceiros sexuais tinham uma expectativa de que eu fosse a Mulher-Maravilha na cama. Esquecia do meu prazer porque não podia decepcionar.

Fui assediada e precisei fazer terapia para lidar com a pressão em corresponder à personagem, que continuou por muito tempo. Eu tive um namorado que a primeira vez que me viu saindo do banho falou: ‘Cadê aquele corpinho da Xica?’ Pô, não dá, né? Já tinham se passado anos. Eu não tinha mais o corpinho da Xica. Não dá para ter prazer depois de uma pergunta dessa.

A minha primeira vez foi aos 21 anos, sou da década de 40, isso era normal… Não tenho uma boa lembrança da primeira vez. Eu senti tanta dor que achei que eu tinha perdido a virgindade de fato. Só depois que eu tive a primeira relação mesmo que descobri que eu era virgem, que aquela dor foi da indelicadeza mesmo.

Passei a infância em um colégio interno, onde cedo me foi ensinado que meninas tinham de ser protegidas dos homens – até em casa, eu era orientada pela minha mãe a não ficar com pouca roupa, apesar do calor do Rio, cidade onde fui criada. Sempre encarei a nudez com muita naturalidade. Nunca deixei isso me reprimir.

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