No que depender dos Bolsonaros, o Brasil estará na Idade Média antes que 2019 termine. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 12 de novembro de 2018 às 18:31
Eduardo Bolsonaro

Eduardo Bolsonaro, filho de quem é, jamais decepciona em matéria de ignorância e truculência.

Em entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo, atualizou o seu repertório protofascista ao defender a criminalização de movimentos sociais e ideologias políticas das quais não concorda.

Querendo que o Brasil se equipare a democracias como a da Indonésia, não ficou longe de propor de vez a prisão sumária de militantes políticos e trabalhadores que ousam reivindicar ao Estado direitos garantidos constitucionalmente.

Como resultado do totalitarismo que propõe, não vê problema algum se a consequência for ter que prender centenas de milhares de inocentes cujo único delito é lutar por um teto e um pedaço de terra com que possam trabalhar e sustentar suas famílias.

É típico de mentes inferiores querer destruir tudo aquilo que não entendem.

Como o próprio conceito de democracia é algo insondável para a família Bolsonaro, os mais básicos princípios desse modelo político são atacados em defesa de um pensamento binário em que tudo que não estar a seu dispor, é imediatamente catalogado como uma ameaça a ser extirpada.

É nesse contexto que o clã Bolsonaro começa a se apresentar não mais como uma família de políticos que usufruem há décadas das benesses do poder a troco de nada, mas, sobretudo agora que chegaram à presidência da República, como uma família de monarcas disposta a sacrificar quem ou o que se oponha a suas vontades.

Não que esse tipo de absolutismo seja uma novidade por essas terras. Tentativas recentes em nossa história de desmantelar o regular funcionamento da máquina democrática nos provam que o risco autocrático sempre esteve à nossa espreita.

Porém, nesse momento singular de nosso curso, esse tipo de investida assume especial capacidade de êxito uma vez que soma-se à mais completa incapacidade de vigilância e defesa constitucional por parte de nossas instituições.

Sobre um Congresso Nacional inteiramente desmoralizado e uma Suprema Corte que não se envergonha de apelar aos mais baixos níveis de debate institucional para assegurar aumentos obscenos em seus vencimentos, plaina o esgarçado e perigoso sentimento de patriotismo desmedido no qual sempre surfaram toda sorte de hipócritas, covardes, mercenários e ditadores.

E é nessa fórmula infalível para o caos democrático e constitucional que estamos assistindo inertes o reerguer de uma era em que o fanatismo religioso alicerçado sobre a ideia de um “Deus acima de tudo” autoriza toda e qualquer forma de atrocidade física, moral e ética.

Nessa sequente perda dos mais elementares direitos civis, caminhamos para um sistema monárquico em que fogueiras estarão sempre de prontidão à espera de suas bruxas.

No ritmo que segue, 2019 não estará terminado sem que estejamos refletindo os mais obscuros e vergonhosos episódios de uma época marcada pela opressão, pela insipiência e pela megalomania de governantes incapazes de um mínimo ato de piedade para com os seus governados.