Num dos vagões do trem fantasma do julgamento de Dilma do Senado está aboletada a figura de Janaína Paschoal, a advogada de acusação.
Duas horas e vinte minutos depois de iniciada a sessão, Janaína, visivelmente excitada por estar diante das câmeras, pediu a palavra para puxar o saco de Ricardo Lewandowski e então emendar numa história que vai ficando cada vez mais nebulosa.
Em resposta à senadora Fátima Bezerra (PT-RN), que a acusou de ter sido paga pelo PSB para fazer o pedido de impeachment, Janaína tentou esclarecer: “Não fui contratada para apresentar a denúncia. Eu gostaria de solicitar que os senadores parem de me ofender ao fazer essas ilações”.
São “inverdades”. “Ofereci a denúncia ao lado de Hélio Bicudo. Se eu tivesse recebido, eu diria, com a honestidade que me norteia”.
Ela ganhou para produzir o parecer que fundamentou a denúncia. A própria admitiu em abril, confrontada por Vanessa Grazziotin. Janaína está tentando passar um lustra móveis em seu papel.
“Eu fui contratada pelo PSDB em maio. Nós propusemos o processo em setembro. Recebi 45 mil reais para fazer o parecer”, confessou na mesa da comissão.
Janaína já tentou emplacar algumas versões para a iniciativa. Numa delas, a mais moralmente elevada, ela havia se baseado nas reivindicações de “cidadãos indignados”. Os cidadãos indginados são, por exemplo, os militantes do Vem Pra Rua e do MBL, que protestaram contra a corrupção financiados pelo PMDB.
A enrolação da doutora busca dar um caráter de “pureza” a algo que já é conspurcado desde o nascimento. Quem encomendou o parecer foi o tucano histórico Miguel Reale Jr., orientador de Janaína.
Ele decidiria, mais tarde, apresentar uma representação ao Ministério Público Federal contra Dilma por crime comum. Janaína, Hélio Bicudo e Reale Jr acabariam entrando num acordo e apresentando em outubro o pedido de impedimento que seria acolhido por Cunha.
Em nome dessa fantasia de imaculada concepção, Janaína insiste que não tem nada a ver com o PSDB. Na verdade, ela ocupou, duas vezes, cargos em governos tucanos. No segundo mandato de FHC, foi assessora especial do ministério da Justiça, exonerada em 2002.
Atuou ainda na gestão de Geraldo Alckmin como assessora técnica de gabinete do governo. Em março, declarou à BBC Brasil: “Entre a primeira intenção e a conversa com Hélio Bicudo foram três meses, depois de falar com muita gente. Falei sobre o tema na OAB de São Paulo, onde sou conselheira, e também com professores de direito e colegas advogados. Até o PSDB eu procurei, mas ninguém se habilitava”.
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