Nova chance do PT de se redimir com Lula. Por Aldo Fornazieri

Atualizado em 4 de março de 2019 às 9:57

Publicado originalmente no GGN

POR ALDO FORNAZIELI 

As circunstâncias e a conjuntura estão dando ao PT uma nova oportunidade de se redimir para com Lula. O PT é um grande devedor de Lula, pois o partido não foi capaz de defende-lo e de mobilizar a sociedade contra a sua condenação e prisão injustas. Lula sempre foi maior do que o PT. Claro que o PT foi e é imprescindível para Lula. Mas dificilmente o PT existiria sem Lula. No mínimo, sem Lula, não teria a importância que veio a ter.

Lula, como líder, é uma daquelas raríssimas singularidades que cumpre um papel demiúrgico na política, capaz de criar o novo, de colocar no mundo da atividade política algo que não existia, de gerar uma esperança de sentido universalizante, para além das hostes partidárias e de seus seguidores e para além das fronteiras do próprio país. Num mundo cada vez mais desigual e injusto, Lula se constituiu como símbolo da luta pela igualdade e justiça. Num país pobre e abissalmente desigual, Lula se forjou como uma esperança de redenção dos pobres e dos humilhados.

Em novembro do ano passado publiquei um artigo (Destino de Lula: abandono e solidão), chamando a atenção para os riscos que Lula corria na prisão. O artigo foi contestado por Gleisi Hoffmann, presidente do PT. É forçoso constatar, no entanto, que de lá para cá o PT pouco fez de significativo em prol da liberdade de Lula. Tudo o que fez foi mais no plano simbólico, no plano declaratório, das intenções e das resoluções partidárias. Não que isto não seja importante. Mas é absolutamente insuficiente para que a campanha adquira uma dimensão social, para que a liberdade de Lula se torne uma exigência majoritária da sociedade e para que ela adquira uma dimensão de mobilização de rua. Somente quando isto se tornar realidade Lula terá chance de ser solto. Agora mesmo, Lula sofreu uma segunda condenação e o que se viu foi uma tíbia reação do PT.