A nova pesquisa Ipsos aponta Moro no caminho de virar o político mais rejeitado do Brasil. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 24 de setembro de 2017 às 17:27
Moro vê a si mesmo no cinema: já deu

A nova pesquisa Ipsos traz um dado revelador e previsível acerca de Sergio Moro e sua nêmesis: enquanto a desaprovação do juiz sobe, a de Lula cai.

O prazo de validade de Moro expirou.

A tendência é de alta. No levantamento do mês passado, essa taxa subira nove pontos percentuais, de 28% para 37%. Agora foi para 45%. A série histórica do instituto teve início em agosto de 2015.

Segundo o Estadão, os dados foram colhidos entre os dias 1.º e 14 deste mês. Ou seja, antes e depois do depoimento de Palocci, considerado por toda a imprensa escrita, televisada e togada como a bala de prata na testa de Lula.

Fica claro o recado: o Brasil real cansou de Moro. O sucesso da caravana de Lula e sua ascensão nas sondagens eleitorais são um atestado de que a perseguição não deu o resultado esperado. O jeito vai ser um tapetão.

Mas vai ser fácil? Vai ser tranquilo como o esquilo? Suave na nave?

Ninguém apoia eternamente uma operação extrajudicial que escolheu um culpado e há anos se dedica a tentar confirmar uma tese, sem trazer provas, somente convicções.

Cansa. Começa a dar nojo. Há um desgaste da imagem. Nem Lady Gaga suporta esse excesso de exposição.

As inúmeras irregularidades envolvendo Moro e seus homens têm sido denunciadas aqui no DCM. Os rapazes da República de Curitiba se coçam em busca de um plano B.

O filme da Lava Jato é um fracasso de público. Os livros saíram das listas dos mais vendidos. A fila anda.

Deltan Dallagnol admitiu que foi procurado por partidos e não descarta uma candidatura. Carlos Fernando dos Santos Lima deve ir pelo mesmo caminho. No momento é comentarista de Facebook, afrontando diretamente o STF.

Ambos foram sondados pelo Podemos para concorrer a uma vaga no Senado.

Moro nega que pretenda disputar a presidência, mas ele já é político lato sensu. Para que arriscaria um teste frustrante na democracia se tem licença para matar em seu posto, protegido pelas instâncias superiores da República?

Contratado para terminar o serviço de Joaquim Barbosa, Moro encarnou o papel que lhe deram. Abusou.

Ganhou trofeu das mãos de um dos Marinhos, foi estrela de convescote da corrupta Istoé, palestrou em evento de João Doria, tirou foto com o rostinho colado no do jagunço Aécio Neves.

Não fez questão de manter o decoro e de fingir imparcialidade. Ficará como um dos protagonistas de um dos períodos mais vergonhosos da Justiça brasileira.

Seu julgamento já está sendo feito. Como eu escrevi, Moro é Gilmar amanhã. Duas figuras que saíram das sombras para os holofotes e que cada vez menos gente suporta assistir.