Rita Lee, além de seu impacto significativo na música e na literatura, também deixou um tesouro de materiais inéditos que estão sendo gradualmente revelados. Entre esses, destaca-se a música e o clipe de “Volare”, lançados nesta quarta-feira, 12 de junho, coincidindo com o Dia dos Namorados.
Outro lançamento aguardado é o livro “O Mito do Mito: de fã e louco, todo mundo tem um pouco”, cuja capa foi revelada pela editora Globo também nesta quarta-feira, com previsão de lançamento para 29 de julho.
É uma obra inédita que Rita começou a escrever em 2005, interrompeu e retomou apenas em 2019, concluindo o trabalho pouco antes de sua morte. A cantora pediu que o livro fosse publicado postumamente, explicando que não desejava enfrentar questionamentos sobre possíveis coincidências entre a narrativa e fatos ou pessoas reais. Identificando-se como “escritora-mistério”, ela evitou discussões que pudessem surgir das interpretações de sua obra.
A consagração como escritora veio de suas duas autobiografias, a primeira, lançada em 2016, e a “Outra Biografia” lançada após sua morte, em maio de 2023.
Foi deste primeiro que veio a adaptação para os palcos de “Rita Lee: Uma Autobiografia Musical”, estrelada por Mel Lisboa. Os ingressos já estão esgotados.
O diretor teatral Marcio Macena dirigiu o musical “Rita Lee Mora ao Lado”, quando adaptou a biografia da roqueira escrita por Henrique Bartsch, lançado em 2006. A nova peça remodela o sucesso anterior em superprodução com a marca registrada de um ótimo entretenimento. E, como diria Rita, “fazendo um monte de gente feliz”.
Macena falou ao colaborador do DCM, Roger Worms, sobre o fenômeno Rita Lee.
DCM – Como e quando você se apaixonou por Rita Lee?
Marcio Macena – Bom, vamos pelo começo: eu tinha 8 anos quando meu pai me mostrou a música “Maria Mole”. Fiquei louco por ela nesse exato momento e virei fã de carteirinha. Trinta anos depois, eu dirigia uma companhia de atores/cantores e num dos ensaios tive a ideia de um musical sobre a Rita. Chamei minha produtora da época e pedi que descobrisse se havia alguma biografia dela. Achamos esse livro do Henrique e eu pirei. Consegui o telefone dele com a editora, liguei e contei a minha ideia. Minutos depois de um email, havia uma mensagem dizendo: “Marcio, manda bala nesse projeto, com todas as minhas bênçãos. Beijo, Ritz”. Quase infartei. O resto você já sabe.
Que faro foi esse de “criar e enxergar” Rita Lee em Mel Lisboa? Foi um tiro certeiro ou sua intuição inicial superou as expectativas na cristalização do personagem?
Quando a ideia do espetáculo foi se tornando uma verdade, pensei de cara na Mel. Nós já éramos amigos, mas sem tanta intimidade. Chamei para um almoço, saquei o livro, dei para ela e fiz o convite. A resposta: “Você tá maluco? Eu não sei fazer isso.” Eu insisti que ela pelo menos lesse e ela concordou.
Semanas depois, cobrei uma resposta e ouvi de novo um “acho que não é pra mim”. Insisti mais uma vez. E assim seguimos eu chamando, ela recusando. Até que fui assisti-la em um espetáculo da Cia. do Faroeste, em que ela fazia Wanda Escarlate, uma personagem incrível, e na hora tive mais certeza ainda de que Rita Lee seria perfeita pra ela, e enfim consegui convencê-la. Desse dia até a nossa estreia, ainda tive que lutar pra que ele realmente acreditasse nisso como eu acreditava. Nunca consegui pensar em outra atriz pra esse papel, e eu estava certo.
Você achou a fórmula do sucesso? Santa Rita de Sampa abençoou este musical?
Desde 2012 essas pessoas fazem parte da minha vida e me ajudaram a realizar um sonho que era só meu no início. Eu não poderia não chamá-los dessa vez. Além de Mel, Debora e Fabiano, tem Yael, Flavia, Carol e Antonio, que acreditaram em mim como eu acredito neles. E nessa jornada atual, chamei para compor o elenco três caras maravilhosos: Bruno Fraga, Roquildes Junior e Gustavo Rese, mais três acertos gigantescos.
Porém, eu não acredito em fórmula de sucesso. Acho que isso tudo que está acontecendo é fruto do nosso trabalho em equipe, quase 40 pessoas, e nós todos fazemos tudo, cada passo desse processo com muito amor e respeito ao legado dessa que foi e sempre será a maior artista brasileira.E Sim, acho que Santa Rita nos abençoa todos os dias. Viva Rita Lee!