Uma pesquisa da Rede Escola Pública e Universidade (Repu), entidade que reúne pesquisadores de universidades paulistas que estudam a rede estadual, constatou que até o primeiro bimestre letivo, 22,1% das aulas dos itinerários formativos do segundo ano do ensino médio não tinham sido atribuídas a nenhum professor e que eles só serão ofertados no terceiro ano a partir de 2023.
A Secretaria da Educação de São Paulo disse que atualmente o índice de falta de professores é de 17% das aulas, o equivalente a quase um dia por semana, segundo reportagem da Folha de S.Paulo.
Ainda de acordo com a reportagem, o coordenador de ensino médio da secretaria, Gustavo Mendonça, afirmou que as aulas vagas são preenchidas com conteúdo gravado, do acervo do Centro de Mídias, transmitido aos alunos nas escolas com a presença de um professor coordenador, vice-diretor ou diretor da escola.
Ele relacionou a falta de professores ao novo ensino médio, que conta com mais aulas, e à ampliação do Programa Ensino Integral (PEI). Desde 2019, a quantidade de escolas de tempo integral aumentou consideravelmente, passando de 364 para 2.050.
“No próprio ensino médio, a gente teve expansão da carga horária, tem a expansão das [escolas] PEIs, é muito mais aula para ser atribuída para a mesma quantidade de professores”, disse o coordenador. “A gente tem uma quantidade de aulas muito grande, e a conta acaba não fechando”.
O aumento no número de aulas no ensino médio está ligado à reforma aprovada em 2017 na gestão do então presidente Michel Temer (MDB). A carga horária total foi ampliada e passou a prever que os alunos escolham disciplinas de aprofundamento, os chamados itinerários. Na lei estão previstas cinco áreas: linguagem, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e sociais e a formação técnica e profissional.
Os dados da Secretaria da Educação foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. O estudo sobre o novo ensino médio é assinado por Ana Paula Corti, do Instituto Federal de São Paulo, Débora Goulart, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), e Fernando Cássio, da UFABC (Universidade Federal do ABC).