O relatório “Os Cabeças do Congresso Nacional”, divulgado anualmente pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), dá a dimensão do tamanho de Jair Bolsonaro no cenário político nacional.
A publicação, produzida desde 1994, elenca os 100 parlamentares mais influentes do Congresso. Os deputados e senadores são escolhidos após exames minuciosos das atividades parlamentares, apresentações de proposições, resultados de votações e relatorias de matérias relevantes, entre outros aspectos, de acordo com metodologias da Ciência Política.
“A ideia da série partiu da premissa de que a disputa política é assimétrica, isto é, alguns atores são mais poderosos que outros, daí a necessidade de identificá-los. Poderoso aqui é entendido como alguém hábil, experiente, especializado, ou que detém recursos – materiais, econômicos, organizacionais, humanos, técnicos, partidários, ideológicos ou regionais – e capacidade de convertê-los em poder e, portanto, em liderança. No Parlamento, como na sociedade, há os que lideram – geralmente em menor número – e os liderados, em maior número”, explica a introdução da publicação.
Deputado federal há 26 anos, Jair Bolsonaro nunca fez parte da lista.
Sequer foi citado entre os políticos em ascensão, relação com 50 nomes que podem estar entre os cabeças no próximo ano. Segundo a pesquisa do Diap, Bolsonaro não passa de um liderado, um sujeito pequeno entre os “cabeças” do Congresso.
Para quem pretende disputar a presidência da República, a posição não é nada confortável. Ele poderá até alegar “discriminação”, como fez ao explicar a esquálida produção legislativa ao longo da carreira – em mais de duas décadas foram apenas dois projetos aprovados.
Porém, a pesquisa elaborada pelo Diap não leva em conta critérios partidários, éticos ou morais. Traz nomes de vértices opostos no quadrante ideológico, como Pauderney Avelino e Jandira Feghali. Há parlamentares com a ficha limpa e outros denunciados na “Operação Lava Jato”.
O que importa para estar na lista é o poder, a capacidade de influenciar os demais congressistas. “Os ‘Cabeças’ ou protagonistas do Congresso são os parlamentares que exercem real influência no processo decisório e sobre os atores nele envolvidos”, diz o documento do Diap.
Inexpressivo entre seus pares, Bolsonaro encasquetou em se tornar presidente, usando para isso o machismo, o racismo, a homofobia e o ódio contra qualquer manifestação que possa ser atribuída à esquerda.
É tão preparado para assumir o comando do país quanto aquele tiozão viciado na Globo News e que repassa pelo Whatsapp notícias fantasiosas sobre a presença de tropas venezuelanas e bolivianas prestes a invadir o Brasil.
O tiozão, aliás, seria um nome melhor que o de Bolsonaro. Pelo menos no seu currículo não constariam 26 anos de atividade parlamentar com todas as vantagens inerentes ao cargo e quase nenhum benefício oferecido à sociedade.