As secas e as cheias mais do que dobraram no Brasil entre 2014 e 2023, segundo dados do Serviço Geológico. A recente tragédia no Rio Grande do Sul, que deixou 172 mortos, e as nove ondas de calor registradas no país no ano passado são resultados das mudanças climáticas.
Entre 2014 e 2023, o Brasil teve 312 enchentes, contra 182 registradas nos dez anos anteriores. O país teve 16 recordes de cheias entre 1927 e 1959 e no período mais recente, entre 1992 e 2023, os recordes chegaram a 642.
Nos anos anos anteriores a 2023, o país teve 406 secas, contra 92 nos dez anos que antecedem o período. Foram 651 secas entre 1927 e 1959 e no recorte mais recente o número chegou a 600. Um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) apontou que as mudanças climáticas são responsáveis pela alteração nos regimes de chuva em todo o planeta.
Antes da catástrofe de 2024, a ação conjunta do El Niño e do aquecimento global gerou chuvas intensas que afetaram o Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, e causou enchentes que deixaram mais de 50 pessoas mortas.
Em 2023, houve um aquecimento causado pelos gases do efeito estufa que amplificou as condições do El Niño e gerou ondas de calor mais longas e severas, além de períodos prolongados de seca no país, que teve um total de nove ondas de calor no ano.
A incidência das ondas de calor aumentou quase sete vezes na última década e o fenômeno ficou cada vez mais longo, chegando a durar mais de dez dias no país. Estudos de pesquisadores internacionais apontam que os brasileiros enfrentaram quase três meses a mais de dias quentes entre 2023 e 2024 em comparação com a média de décadas anteriores.
O relatório do IPCC afirma que não há dúvidas de que as atividades humanas são responsáveis pelo aquecimento do planeja. O documento aponta que há mudanças rápidas e generalizadas no clima recentemente e os impactos estão se concretizando agora.
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