O número de mortes causadas por policiais militares em serviço no estado de São Paulo registrou um aumento alarmante de 82% nos primeiros nove meses de 2024, em comparação ao mesmo período de 2023. Segundo dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública, foram contabilizadas 474 mortes entre janeiro e setembro deste ano, em comparação a 261 no ano anterior. Com informações da Folha de S.Paulo.
Essa estatística ultrapassa os registros de anos anteriores, como 2022, que contabilizou 180 mortes, e 2021, com 351 ocorrências. No entanto, os números ainda são inferiores aos do ano de 2020, quando 560 pessoas perderam a vida em confrontos com a polícia no mesmo período, durante o início da pandemia.
Na capital paulista, os dados são ainda mais preocupantes: nos nove primeiros meses de 2024, 193 pessoas morreram em confrontos com policiais militares, um aumento de 93% em relação aos 100 casos registrados no mesmo período de 2023.
O governo estadual, por meio de declarações anteriores, afirmou que as abordagens das forças de segurança obedecem a parâmetros e procedimentos técnicos rigorosos, sempre respeitando a lei. Além disso, a Secretaria da Segurança Pública enfatiza que todos os casos de mortes em serviço são submetidos a investigações rigorosas.
De acordo com Rafael Rocha, coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz, esse aumento nas mortes pode estar relacionado às declarações do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, que minimizam a gravidade dos confrontos.
Rocha também aponta a diminuição da eficácia das câmeras e outros sistemas de supervisão do uso da força como fatores contribuintes para a elevação dos homicídios. Somando as mortes de policiais civis e militares, o estado de São Paulo registrou 580 mortes em nove meses, sendo 252 na capital, em comparação com 374 e 177 mortes, respectivamente, no ano anterior.
Rafael Rocha ressalta que esse cenário representa uma política de segurança pública que resulta em um aumento tanto das mortes de civis quanto de policiais: “O resultado que a gente vê é uma política de segurança pública que não só as polícias matam muito, mas elas morrem muito também”.
No período de janeiro a setembro de 2024, oito policiais militares morreram em serviço na cidade de São Paulo, superando as três mortes registradas em 2023 e 2022. No estado, as mortes de PMs aumentaram de nove para 12. Em 2022, quatro policiais militares foram assassinados enquanto trabalhavam.
“Essa é uma moeda de duas faces, de um lado a polícia mata mais, do outro lado a polícia também morre mais. É uma política de segurança pública que ninguém segue ganhando, exceto aqueles gestores, políticos, candidatos que fazem do confronto da violência policial sua plataforma política”, concluiu Rafael Rocha.