O projeto de ajuste fiscal apresentado esses dias pela equipe econômica de Temer oferece um excelente panorama das prioridades de um governo não só ilegítimo como pautado pela mais gritante falta de sensibilidade social.
De todo o universo de setores da máquina estatal que se poderia reduzir gastos para o equilíbrio das contas públicas, primaram por escolher exatamente as áreas mais sensíveis e que mais impactam no cotidiano da população mais pobre e carente do país.
A proposta de desobrigação de investimentos mínimos na saúde e educação é simplesmente um descalabro. Só o pleno desconhecimento de nossa realidade aliado ao descompromisso com um futuro digno para essa nação poderiam sugerir que devemos gastar cada vez menos – e não mais – com temas dessa natureza.
Aliás, o futuro é outro ponto que se torna cada vez mais incerto. Outra proposta indecente que ganha força é a desvinculação de benefícios, incluindo os da previdência, dos reajustes concedidos ao salário mínimo. Aposentados assalariados serão as principais vítimas.
No alvo da política neoliberal requentada da era FHC ainda se encontram os direitos do trabalhador garantidos por lei. Sob a canalhice do discurso de se criar relações mais “dinâmicas” entre empregado e empregador, oculta-se o desastre que significa, para os trabalhadores, a flexibilização das leis trabalhistas.
Todo esse retrocesso nas conquistas históricas do povo brasileiro é fruto de apenas alguns dias da interinidade do governo Temer. A manutenção dessa política PSDBista significará inevitavelmente o aprofundamento da desigualdade social que vinha sendo combatido no decurso dos últimos treze anos.
Até porque nada, absolutamente nada que diz respeito a medidas como taxações de grandes fortunas ou cortes nos gastos da manutenção da atividade parlamentar foram tocados. Afinal, não foi pra isso que a plutocracia financiou o golpe.
O que Michel Temer e sua equipe de notórios planejam realmente para o país passa longe do saneamento das contas públicas e da moralização da política brasileira. Dois fatos recentes deixam isso muito claro.
Um é o aumento descabido e injustificado do aumento da previsão do déficit público de R$ 96 bilhões para R$ 170,5 bilhões em 2016 providencialmente aprovado pelos nossos valiosos membros do Congresso Nacional.
Outro é a inestimável visita de Alexandre Frota e Marcelo Reis ao Ministério da Educação com políticas para a pasta diretamente proporcionais ao conhecimento de ambos sobre o assunto.
Pois é, mal começou e o governo interino de Temer já se transformou num trailer de um grande filme pornô.