O alerta à segurança de Lula após atentado contra Trump

Atualizado em 15 de julho de 2024 às 18:18
O presidente Lula durante evento em sindicato no ABC paulista. Foto: Nacho Doce/Reuters

Por Juan Arias, jornalista, escritor e teólogo

O ataque ao candidato republicano Donald Trump, na Pensilvânia, teve impacto especial no Brasil por dois motivos: a resistência do presidente progressista, Lula, em ser blindado em seus encontros com as multidões e o caso, ainda não totalmente elucidado, do ataque ao ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro meses antes das eleições. Ele recebeu uma facada no estômago em evento público, o que foi visto como um sinal divino de que Deus estava protegendo o candidato e que, segundo muitos comentaristas políticos, o ataque foi definitivo para sua eleição.

Ao ouvirem a notícia do ataque fracassado a Trump, os quatro filhos políticos da família Bolsonaro, amigo pessoal de Trump, fizeram alvoroço nas redes sociais comparando o ataque fracassado ao candidato republicano americano com o de seu pai. Ao mesmo tempo, o alarme soou na defesa de Lula, que tem coragem de sobra para se entregar aos seus fiéis seguidores sem se preocupar com sua segurança pessoal.

O Gabinete de Segurança Institucional, órgão responsável pela proteção de Lula, anunciou que nas últimas semanas, durante agendas em todo o Brasil por ocasião das importantes eleições municipais de outubro próximo, que serão um teste para definir as eleições presidenciais de 2026, 13 drones foram abatidos em eventos públicos em várias cidades. E já havia sido anunciado que a residência presidencial será especialmente protegida por equipes da Segurança Nacional.

Lula sempre foi um problema para sua própria segurança pessoal, pois não é capaz de renunciar a “banhos de multidão” em suas aparições públicas e, neste momento, a extrema-direita bolsonarista sabe que somente o líder progressista poderia ser o candidato capaz de enfrentar Bolsonaro, caso ele seja anistiado de seus oito anos de inelegibilidade, ou o candidato apoiado por ele.

Os ex-presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump foram alvos de atentados durante a campanha eleitoral. Foto: Reprodução

Bolsonaro, que assume que o ataque fracassado a Trump lhe dará a vitória, já anunciou publicamente que irá à sua posse. Por sua vez, o jornal O Globo escreveu: “A imagem de Trump após ser alvejado por uma bala, sangue no rosto, olhar desafiador, punho levantado, enquanto o público repetia ‘USA! USA! USA!’, o eternizou como a vítima que ele agora de fato é”. Isto imediatamente nos lembrou que a facada infligida a Bolsonaro em plena campanha eleitoral o transformou imediatamente, com o apoio em massa das igrejas evangélicas, em alguém predestinado por Deus para presidir a nação.

Lula condenou o ataque fracassado à vida do candidato republicano Trump, qualificando-o, como afirmou em suas redes sociais, de inaceitável “para todos os defensores do diálogo na política”. Os bolsonaristas, por sua vez, enfatizam o seu mantra de que a esquerda “quando não consegue vencer, tenta matar”.

Uma coisa é certa: depois do atentado fracassado contra a vida de Trump, o bolsonarismo, que está acertando suas contas com o sistema judiciário que está prestes a condenar Bolsonaro definitivamente à prisão, ficará mais nervoso e raivoso do que já é. Uma direita radical e fascista, agora envergonhada pelo atentado fracassado contra Trump, o novo mártir da extrema-direita global, que deve desafiar um adversário como Biden. Mesmo um possível substituto de Biden agora terá mais dificuldade em desafiar um adversário que a extrema-direita apresentará no restante da campanha como privilegiado e escolhido por Deus. Assim como Bolsonaro.

Publicado originalmente no El País

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