A inteligência do advogado e professor Pedro Serrano está a partir de agora a serviço de uma das partes no maior duelo jurídico desde o fim do embate Sergio Moro X Cristiano Zanin na Lava-Jato.
Muda de patamar a guerra do juiz Eduardo Appio com o Tribunal Regional Federal 4ª Região. Serrano é o advogado de Appio para tentar reverter o afastamento do juiz da 13ª vara de Curitiba.
É um jurista fora do padrão hermenêutico gongórico dos que gastam o latim para transformar argumentos em alguma coisa aparentemente profunda e complexa, mas muitas vezes rasa e indecifrável.
Teremos clareza, perspicácia e agudeza de raciocínio em debates em que, na média, a argumentação lavajatista é lenta, antiga e precária.
O que Serrano já sinalizou que irá fazer? Tirar Appio das cordas, para onde o TRF4 o jogou com a suspeita de que faz pegadinhas ao telefone, e assumir a iniciativa do combate.
Serrano vai pedir que o Conselho Nacional de Justiça acione uma correição extraordinária na 13ª Vara, para saber o que está acontecendo com os processos da Lava-Jato que dependem de decisões do TRF4.
Para que os corregedores investiguem o que se passa em Curitiba (em especial com o caso Tacla Duran) que incomoda o tribunal, depois que Appio assumiu a vara ocupada por mais de cinco anos por Sergio Moro.
E fica no ar a dúvida que vem de muito tempo: o próprio TRF4 não seria um reduto à espera de luzes onde há muita sombra e escuridão?
É possível que a tática funcione e que o tribunal, o próprio Sergio Moro e os agrupamentos em torno deles, com personagens e enredo de série de Netflix, se coloquem em posição de defesa? É o que veremos.
Desde a decisão de Moro de trabalhar para Bolsonaro e depois para uma consultoria, até optar pela política, o TRF4 ficou sozinho na defesa de decisões e da linha de conduta de quem não pertence mais à magistratura.
O tribunal tenta preservar deliberações de alguém que desistiu da missão de lutar contra a corrupção, dentro do sistema de Justiça, e embarcou no sistema político corrupto que desprezava.
É incômoda a situação do tribunal, porque o TRF4 se empenha na defesa de ações que o próprio Sergio deixou para trás ao se jogar nos braços de Bolsonaro e da extrema direita.
A vantagem do duelo, para quem olha de fora, é que teremos agora o brilho de Pedro Serrano.