O bullying de Feliciano no avião

Atualizado em 11 de agosto de 2013 às 21:40

O constrangimento a que ele foi submetido é injustificável, mas o pastor precisa agir de acordo com a condição de um dos homens mais odiados do Brasil.

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Marco Feliciano é um homem que se considera guardado por Deus, mas que deveria parar de dar sopa para o azar. Ele já passou por situações complicadas na Câmara dos Deputados, confrontado por ativistas. E agora esse aperto no avião.

O pastor voltava de Brasília para São Paulo quando um grupo de pessoas passou a assediá-lo. Dois homens se aproximaram de sua poltrona e começaram a cantar ‘Robocop Gay’, música dos Mamonas Assassinas.

Passaram a mão em seu cabelo e sua cara. Um passageiro interveio. O comandante ameaçou voltar. Feliciano permaneceu impassível. Ele escreveu no Twitter: “Sofri xingamentos o voo todo. Haviam (sic) crianças no voo, famílias. Como não reagi tocaram no meu rosto. Estes cidadãos colocaram em risco a segurança dos passageiros. Querem respeito, mas não respeitam. E assim fazem com qualquer pessoa que discorde de suas práticas. Que Deus nos guarde. Não sou contra gays, sou defensor da família natural!”

Segundo o assessor Roberto Marinho, que estava na poltrona ao lado da do chefe, “um deles com a câmera na mão filmava, enquanto o outro esfregava o bumbum no meu braço, e também o órgão genital, rebolando e cantando”.

Os provocadores não eram ligados a entidades de direitos de homossexuais. Mas o bullying de Feliciano não ajuda o movimento LGBT. Ninguém acha engraçado um constrangimento desses. Ainda mais num avião, quando tudo o que se deseja é paz para ver se a tortura do desconforto termina mais rápido. Feliciano, claro, já está usando o episódio para acusar os homossexuais de intolerantes e para detonar o “ativismo gayzista”.

O pastor não pode estar muito surpreso. MF não tem o direito de achar que seu discurso preconceituoso e burro não continuará gerando situações parecidas. Na condição de um dos homens mais odiados do Brasil, Marco Feliciano terá, provavelmente, cada vez menos sossego fora das quatro paredes de sua igreja.