O Carnaval é bem mais do que uma festa, é a mais poderosa manifestação pública de sentimentos coletivos, muitas vezes com forte componente de crítica.
Nada se equivale ao que o Brasil demonstra nessa época, em nenhuma outra circunstância, para reafirmar alegria e liberdade, se possível com alguma reflexão.
O sentimento do Carnaval deste ano é o do fim do fascismo. Fecha-se o ciclo de quatro anos de horror do bolsonarismo, com seus militares, grileiros, garimpeiros e milicianos.
Abre-se o ciclo da retomada da democracia, com a força inspiradora de Lula e Janja nas ruas. Sim, com Janja, uma das figuras mais presentes em máscaras, fantasias e cartazes dos blocos.
O primeiro Carnaval sem os terroristas é demolidor para a extrema direita. Não há espaço nas ruas, nas escolas e nos barracões para qualquer tentativa de manifestação pró-Bolsonaro.
O bolsonarismo é, desde o 8 de janeiro, associado a terrorismo, acrescentado ao que já significava como disseminador de ódio, mentira e negacionismo.
O Carnaval deste ano tirou das ruas qualquer possiblidade de presença do fascismo mais atrevido.
O Brasil debocha sem medo dos manés e dos patriotários, ou no Carnaval não seria o que é. O povo nas ruas está deixando uma marca: deixem de temer o fascismo.
Os blocos fizeram com que a manezada ficasse em casa. Quem se atreveu a sair não teve, como vinha tendo, coragem de dizer que é fascista.
Daqui a alguns anos, quando perguntarem o que marcou o fim do fascismo no Brasil, muitos dirão que foi o Carnaval de 2023.
Publicado no Blog do Moisés Mendes