Frederico Carneiro Soares é um professor de faculdade acusado de um crime ocorrido no dia 10 de fevereiro, às 21h.
Ele é o principal suspeito de ter atirado na cabeça de sua filha, Maira Cintra Soares, numa briga pela herança da família. O caso foi registrado no 89º DP, no Portal do Morumbi.
Maira é mãe de quatro crianças e enfrentava desavenças com o próprio pai há anos. O caso começou quando a ex-esposa de Frederico morreu afogada em uma piscina.
O disparo, segundo uma das filhas de Maira, Isabella, foi realizado na presença dela e dos irmãos. Silmara Brandi, atual esposa de Frederico, estaria também no local. O casal fugiu do local do crime e Maira Cintra Soares morreu.
A polícia ainda não os encontrou.
No dia 14 de agosto de 2016, Maira gravou um vídeo de 10 minutos para se queixar dos comportamentos do pai na partilha da herança.
“Vou gravar porque foi a última alternativa que encontrei, apesar de muita gente ter me falado para ir até a televisão falar sobre o caso. Desde a morte da minha mãe, quando eu tinha 8 anos e meu irmão 7, passamos a ter uma vida horrível. Meu pai, como viúvo, sempre foi uma pessoa egoísta, interesseira e tirou nós dois da família dela”, explica.
Maira Cintra Soares descreve o pai Frederico como aproveitador que deixou a ex-esposa com depressão ao ter casos extraconjugais. Ganhou a pensão da falecida e usou do trabalho da irmã, ex-funcionária da antiga FEBEM, para manter os irmãos separados.
Ele teria usado também de contatos no Ministério Público para interferir na vida familiar dos próprios filhos e ter dinheiro para realizar viagens.
O irmão Luciano foi colocado num orfanato, teve problemas psicológicos graves após os 16 anos e foi internado posteriormente, chegando a dormir em diferentes ocasiões no cemitério onde a mãe está enterrada. Foi diagnosticado com esquizofrenia, segundo a irmã.
Maira prossegue no depoimento e é taxativa: “Voltei para a casa da minha mãe para cuidar do meu irmão. Meu pai resolveu que queria a propriedade e tentou nos tirar de lá, nos chamando de indigentes. Foi morar conosco e fez torturas com nós dois, mexendo nas contas de água e de luz, além de tirar remédios do Luciano”.
Isabella, filha de Maira Cintra Soares, não recebe pensão do pai desde os cinco anos de idade. Foi ela que passou a atualizar os perfis da mãe na internet e fez acusações ao avô, Frederico Carneiro Soares, achando três diferentes perfis de Facebook que supostamente pertencem a ele.
“Procurado: Pai mata filha com dois tiros no rosto na frente de seus três filhos pequenos”, divulgou Isabella. Na galeria de fotos, estão os perfis FredeRico Soares, Luc Bug e Deric Carn.
O primeiro foi apagado do Facebook e prova que Frederico está casado com Silmara Brandi. Ele trabalhou como professor da Escola Panamericana, da FAAP e se formou em publicidade na última instituição.
Além da formação acadêmica, teria atuado como cabo da Força Aérea. O segundo perfil, Luc Bug, utiliza as mesmas informações, traz menos fotos e mostra que ele deu aulas também na Universidade Santo Amaro, a Unisa.
O último perfil é o mais intrigante de todos. Deric Carn diz que escreveu livros para uma empresa chamada Guias Pro Editoriais e que fez pós-graduação, provavelmente em publicidade, na ESPM.
Deric se declara “intervencionista”, com pensamentos “alinhados com Dr. Ribas Paiva e Coronel Fontenelle”. Ele diz que “caçou comunistas”.
Basta uma pesquisa rápida no Google para entender quais os ideais que ele defente. Ribas Paiva é um dos líderes dos atuais movimentos de rua que defendem golpe militar “por vias constitucionais”.
O coronel Enio Fontenelle disse que Donald Trump e a queda da “Nova Ordem Mundial” são boas para os Estados Unidos e para o Brasil. Os dois são pensadores loucos do militarismo tupiniquim que adoram o “filósofo” Olavo de Carvalho.
Estes eram os “líderes” respeitados por Frederico Carneiro Soares. No perfil Luc Bug, Frederico aparece trocando mensagens com Deric Carn.
Seriam os dois perfis pertencentes a mesma pessoa? “Netflix continua com doutrinação comunista. Se [Donald] Trump não reescrever a história, morremos em quatro anos”, diz numa das mensagens.
“Uma hora é o mensageiro do general, outra hora é conhecedor de segredos militares. Agora é criminalista ameaçador, mas sempre com codinome patriota”, afirma em outro post, desta vez assinando com seu nome.
Isabella, a neta, segue denunciando Frederico Carneiro Soares, que está foragido.