Quanto mais avançamos no desenrolar do caso que envolve FHC , a sua ex-amante Mirian Dutra, contratos de trabalho fictícios, pagamentos de abortos, funcionárias fantasmas, além de chantagens e assédios morais e profissionais infligidos a ela, mais sombrios ficam os contornos que envolvem toda essa história.
Após a aterradora entrevista que Mirian concedeu, primeiro ao site Brasil com Z e depois à Folha de S. Paulo, o universo nebuloso do submundo do poder e suas relações quase sempre imorais com a imprensa familiar brasileira e o grande empresariado vieram à tona.
Não bastassem o caráter medíocre e os tratamentos de desprezo e abandono dispensados por FHC e que acabaram por revelar a verdadeira face de um homem que se escondia sob um manto de falso moralismo e soberba, ainda restam inúmeras dúvidas sobre a legalidade dos mecanismos utilizados por ele para garantir o silêncio de Mirian.
Primeiro vem o mais do que suspeito contrato de trabalho firmado entre a Brasif S.A. Importação e Exportação e Mirian para que ela efetuasse pesquisas de preços em lojas e free shops na Europa.
Segundo Mirian, essa teria sido a forma encontrada por FHC para lhe enviar recursos mensais que lhe garantiriam a sua permanência no exterior. Bem longe de sua campanha à reeleição. Ainda segundo Mirian, cerca de 100 mil dólares teriam sido depositados em uma conta da Brasif para que esta efetuasse os repasses mensais.
Em nota, a Brasif confirmou o contrato realizado com Mirian mas negou a participação de Fernando Henrique. A pergunta que fica é: porque uma empresa manteria um contrato com uma funcionária que afirma categoricamente que jamais teria prestado um único dia de expediente?
FHC conseguiu tornar esse episódio ainda mais estranho. Um dia após ter afirmado que nenhuma empresa havia sido utilizada para que fossem realizados os pagamentos a Mirian, voltou atrás e disse simplesmente que não teria condições de se explicar sobre esse assunto. Alguém está mentindo.
No centro do furacão está a Globo. Como sua então funcionária, Mirian teria sido enviada a Europa como correspondente. Por “coincidência”, a transferência se deu exatamente no período em que a história de um filho de FHC fora do casamento, poderia atrapalhar nos seus planos de poder.
Sobre o contrato fictício de trabalho mantido por sua funcionária com a Brasif, disse não ter tido qualquer conhecimento e que se soubesse “condenaria a prática”.
É no mínimo curioso esse posicionamento “condenatório” da Globo em relação à “pratica” de se manter um contrato de fachada com um profissional que simplesmente não exerce as funções para as quais é pago.
Segundo Mirian, durante todo o período que permaneceu na Europa como correspondente, absolutamente nada do que fazia era aproveitado pela emissora e simplesmente não haviam demandas de qualquer natureza por parte da Globo.
Ao que parece, a única função que sua funcionária deveria exercer era a de não causar qualquer constrangimento que pudesse inviabilizar a reeleição de FHC e, consequentemente, todos os benefícios que decorreriam de sua recondução ao poder.
Foram nesses termos, ao custo de dois contratos fantasmas, um com a Brasif e outro com a Globo, que Mirian permaneceu calada por anos à fio. Ao ser questionada sobre o motivo de ter resolvido falar somente agora, Mirian respondeu: “Saí da TV Globo. Me sinto livre para falar”.
Talvez seja o momento de FHC e a Globo também começarem a falar