O dia em que Villa foi herói de meia dúzia de coxas na Paulista. Por José Cássio

Atualizado em 1 de agosto de 2016 às 9:24
A família Nomura
A família Nomura

Na falta de lideranças de maior expressão, o comentarista da rádio Jovem Pan, Marco Antônio Villa, foi a grande estrela do ato em favor do impeachment na avenida Paulista.

Aclamado pelo público, Villa repetiu no caminhão de som do VemPraRua o mantra que fez levantar o Ibope e tirar a Pan do ostraciscmo.

“Um ano atrás ninguém acreditava quando a gente dizia que a presidente Dilma ia ser afastada. Conseguimos. Mas isso não basta. Após o afastamento, Dilma tem de ir para a cadeia. Lula e Dilma na cadeia”, discursou, levando o público ao delírio.

Villa disse que o país não é um estado democrático de direito, e que vai continuar denunciando até o dia em que ver Dilma e Lula atrás das grades. O comentarista enalteceu o papel das mobulizações, alegando que, sem o povo na rua, o “projeto criminoso de poder do PT” ia se perpetuar pelo menos até 2030.

O pulo do gato aconteceu quando a sociedade pressionou para que Lula fosse impedido de assumir a Casa Civil.

“Estava tudo tramado”, disse o comentarista da Jovem Pan. “Lula na Casa Civil iria garantir a sua eleição em 2018, depois a reeleição em 2022; então, como fez com a Dilma, iria eleger um poste em 2026, mantendo o país na mão dos criminosos pelo menos até 2030”.

Antes de Marco Antônio Villa falou a atriz Regina Duarte.

“Eu vim de graça, por amor ao povo”, disse ela. “Esse povo querido, que não tem voz, que não tem educação e que acreditou na mentira e na falsa esperança”.

A Beatriz Kicis, do grupo Revoltados On Line, coube defender o projeto “Escola Sem Partido”, cujo objetivo é salvar os estudantes da instrumentalização do ensino para fins políticos, ideológicos e partidários.

“O nosso projeto é um tiro no coração dos comunistas”, disse ela, que convocou o público para entoar dois jargões: “A nossa bandeira jamais será vermelha”; e “Pé na bunda dela, porque o Brasil não é a Venezuela”.

Sérgio Moro, que faz aniversário nesta segunda, 1° de agosto, mesmo longe foi homenageado: o público cantou “parabéns a você” ao juiz da Lava Jato.

Na avenida, o público saudava o ato crente de que o país está no caminho certo ao se mobilizar pela saída de Dilma e contra a corrupção.

O metalúrgico Cláudio Imperador, 47 anos, oito deles trabalhando na Wolks, era um deles.

Cláudio Imperador
Cláudio Imperador

Sobre Michel Temer, o metalúrgico diz que aparentemente ele está tentando por a casa em ordem e que é preciso dar mais tempo ao interino.

Disse, no entanto, que não tem informações precisas sobre os projetos que estão sendo implementados, tampouco sobre o que está sendo proposto na reforma da Previdência.

“O que eu sei é que o meu sindicato é uma merda”, disse. “Pode escrever aí: o meu sindicato é uma merda”.

Rogério Nomura, advogado, foi à Paulista com a esposa, o filho pequeno e a mãe. Disse que acredita estar fazendo a sua parte e, principalmente, quer dar um exemplo para o filho.

Também informou que não está acompanhando os primeiros passos do interino, mas que isso não importa muito, mesmícima opinião do dentista Udo Nopper, que saiu de Guarulhos, com a mãe, Ingrid Nopper, para acompanhar os protestos.

“O que eu percebo é que as primeiras atitudes do presidente Michel Temer já foram suficientes para melhorar a economia”, afirmou o dentista.

“Que medidas são essas?”, eu perguntei.

“Não lembro exatamente”, ele respondeu. “Mas um primeiro passo é essa iniciativa de substituir, nos cargos de governo, o pessoal político por técnicos especializados, gente com capacidade reconhecida”.

Perto dali, envolta num mar de fãs, Joice Hasselmann se esforçava para tirar selfies com quem se aproximasse. Mirei meu celular nela e gritei.

– Joice, aqui!

Ela olhou e abriu o sorriso. Para mim também bastava. Missão cumprida.

 

Rachel Sheherazade
Rachel Sheherazade