Há muitas razões que justificam o fim da Lava Jato e o fortalecimento do Ministério Público como instituição constitucionalmente formatada para enfrentar a corrupção.
Mas há um diálogo, publicado pela Vaza Jato, que seria suficiente para mostrar o desvio de finalidade da força-tarefa de Curitiba.
Veja abaixo:
Alguma dúvida de que a Lava Jato era uma organização política?
Um ano e onze meses depois desse diálogo, Moro seria apresentado com super ministro de Jair Bolsonaro.
No caminho, em julho de 2017, condenaria Lula e tiraria seus direitos políticos, o que proporcionou a vitória relativamente tranquila de Bolsonaro.
Mais tarde, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima admitira, em um debate na Globonew, que a força-tarefa tinha lado político, o que um absurdo, como salientou o jurista Lenio Streck em mais de uma oportunidade, inclusive em live do DCM.
Lenio fez carreira no Ministério Público antes de se tornar um dos mais requisitados juristas brasileiros.
Ele não ataca o Ministério Público. Pelo contrário. Julga que a derrota do lavajatismo representa o fortalecimento da instituição.
Pelo diálogo da Vaza Jato, acima reproduzido, entende-se a necessidade urgente de impor uma quarentena a servidores públicos com poderes como o de promotores e procuradores para a entrada na política.
Um procurador com ambições políticas como Dallagnol é capaz de perverter um processo para satisfazer seu projeto político pessoal.
Faz campanha sem risco algum, destruindo reputações para criar a própria.
E não se argumente que, nos Estados Unidos, procuradores vão para a carreira política, como o direitista Rudolph Giuliani, ex-prefeito de Nova York. Lá, o procurador só chega ao topo da carreira se eleito pelo voto dos cidadãos.
É um sistema completamente diferente.
E servidores que trabalham com os procuradores em geral ficam pouco tempo no Ministério Público. Não é uma carreira de Estado.
A quarentena é absolutamente necessária, talvez não os oito anos sugeridos por Dias Toffoli, mas no mínimo dois anos.
Só assim se evitará um projeto como o de Dallagnol, que, como deixa claro o diálogo, planejava transformar o Ministério Público Federal em uma organização político-partidária.