O mesmo dinheiro que encanta pode depois envergonhar.
O dinheiro que Gaddafi andou distribuindo para ocidentais ávidos, por exemplo.
O diretor de uma das mais prestigiosas universidades da Inglaterra e do mundo, a London School of Economics, se viu obrigado a renunciar ao cargo por ter aceitado dinheiro líbio para sua escola. Um filho de Gaddafi, exatamente o que disse que o regime resistiria até a “última bala”, estudava lá.
Sendo Gaddafi o que é há muitos anos, como aceitar doação milionária dele? Como Hitler, Gaddafi não virou Gaddafi agora. Um homem há 40 anos no poder não pode ser um modelo de virtudes.
O diretor admitiu sua pobreza de julgamento ao aceitar a contribuição. E foi embora, deixando para trás uma mancha enorme no prestígio da LSE.
Cenas patéticas também se observaram no mundo artístico. Entre as extravagâncias de Gaddafi, figurava a de contratar cantoras e cantores para apresentações particulares com cachês inacreditáveis. Nelly Furtado, por exemplo, recebeu 1 milhão de dólares por um show de 45 minutos para Gaddafi e familiares num quarto de hotel na Itália. Ela anunciou pelo twitter que estava doando o cachê.
Poucas semanas atrás, o governo britânico anunciou que a política externa se caracterizaria pelo incentivo ao comércio. “Vamos nos empenhar seriamente na venda de armas”, disse um ministro. “No passado, tínhamos um grande embaraço na venda de material de defesa. Não existe este tipo de constrangimento no atual governo.”
Agora que as armas compradas por Gaddafi estão sendo usadas contra seu povo a frase acima mostra como se deve invejar muitas vezes os mudos.
O dinheiro enfeitiça. Antes que você se entregue a ele de braços abertos, convém verificar a origem. Ou a festa pode se transformar num pesadelo.