O desaparecimento recente de três brasileiros está causando espécie na comunidade científica nacional. Vejamos, primeiro, o caso de Sergio Moro, herói do Brasil, responsável por acabar com 747 anos de corrupção.
Desde que a Câmara aprovou o impeachment numa das sessões mais bonitas na história da democracia ocidental, Moro sumiu.
Junto com ele, foram-se os vazamentos de escândalos na imprensa. A última vez que se ouviu falar do juiz foi na coluna de Fausto Macedo no Estadão, num autovazamento temeriano.
No último dia 13, Moro, segundo Macedo, avisou a “interlocutores” que gostaria que a Lava Jato terminasse em dezembro.
O juiz estaria consternado com “manifestações de raiva e intolerância” após a condução coercitiva de Lula. Ele acha que outras instituições devem agora pegar o bastião da luta e seguir adiante.
Esse blablablá não faz o menor sentido e, claro, engana quem quer ser enganado. Moro fez o serviço de derrubar Dilma e sai de cena.
Falta prender Lula — mas essa missão, ele já notou, não será tão fácil e pode esperar. O processo da mulher e da filha de Cunha está com ele, mas qual a pressa?
Não vale apelar para a discrição do homem porque não cola. Subiu ao palco para receber troféus, deu palestras promovidas por João Doria, concedeu entrevistas a torto e a direito, esteve em noite de autógrafos de livro escrito pelo biógrafo de Lobão, fez uma selfie no espelho de casa.
Uma coluna social crava que Moro está nos Estados Unidos, onde participa esta semana de um jantar de gala da revista Time como um dos nomes na edição especial dos mais influentes do mundo.
A festa acontece em Nova York e ele é o único brasileiro abrilhantando a categoria “líderes.”
A desaparição do magistrado é tão estranha e sintomática quanto a do casal que xingou José de Abreu no restaurante Kinoshita, em São Paulo, e que levou uma cusparada do ator.
Desde então, Anna Claudia del Mar, uma ex-modelo, e seu par, um “advogado” não identificado, não deram as caras publicamente.
Por quê?
Cinco dias depois do episódio, ninguém conhece o paradeiro deles. Abreu já esteve no Faustão, contou sua história — e nada da dupla aparecer para vender sua versão.
Sem precisar falar nada, já estão sendo defendidos por toda a direita. Se alegassem, por exemplo, que Zé de Abreu estava armado com uma escopeta, certamente sua verdade seria acolhida sem questionamentos.
Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, escreveu que “o tal ‘advogado’ que agrediu José de Abreu estava no meio de uma traição à esposa, que não pode saber que ele jantava com outra mulher”.
É plausível. O dono do estabelecimento provavelmente tem o nome do rapaz, que pagou com cartão de crédito. Abreu prometeu processá-los.
Hora dessas vaza uma foto do casal sendo ameaçado por militantes do MST e da Guarda Bolivariana que acampavam em frente ao restaurante. Ou dele, dela e de Moro na República Dominicana. Mas isso só será possível quando o juiz voltar de férias. Até lá, lidemos com a realidade.