Shahed Al-Bana é daquelas figuras que aparecem num lampejo, em circunstâncias inesperadas, ganham exposição e saem de cena deixando um aviso: posso voltar.
Podem retornar por terem brilho, personalidade forte, a fala e a força da representação do que dizem. Aos 18 anos, Shahed (ao centro na foto) parece ter muito mais a dizer.
Nenhum outro brasileiro de origem palestina esteve tão exposto em aparições na TV, em especial na Globo, quanto Shahed.
Porque tinha, enquanto esteve presa em Gaza, desprendimento para narrar o que estava passando e tinha bravura.
Shahed disse um dia que achou que iria morrer, mas foi salva com a avó e a irmã, resgatadas por Lula entre os prisioneiros de Israel.
Sóbria, com uma maturidade surpreendente para alguém com sua idade, a menina disse ao lado de Lula ao desembarcar no Brasil:
“Eu até agora não estou conseguindo acreditar que eu estou aqui. Eu estou muito feliz, estou muito emocionada por estar aqui, de verdade”.
“A gente chegou a um ponto em que pensou que não ia mais conseguir de lá, que iria morrer e ninguém mais saberia da gente. Graças a Deus, graças ao governo brasileiro, graças ao presidente Lula, à Força Aérea, à Embaixada, a gente está aqui agora. (…) Até agora não estou… pic.twitter.com/nE8GxtV0ee
— GloboNews (@GloboNews) November 14, 2023
Mas agora Shahed precisa se preparar para outra guerra que talvez a espere. Se decidir seguir em frente, depois de ser a pessoa que mais interagiu com Lula na recepção em Brasília, que fique alerta. O fascismo já atacou outros resgatados e pode mirar em Shahed.
Ela foi correspondente de guerra da Globo sem remuneração em Gaza (ou recebeu alguma coisa na volta?). Foi a voz mais forte de todos os que estavam lá, apesar de ser jovem.
E foi a figura escolhida pelo grupo para falar por todos, no retorno, ao lado de Hasan Raabe, outro brasileiro que apareceu muito na TV antes do resgate.
Hasan já pediu proteção policial ao governo, porque vem sendo atacado nas redes sociais por coisas que disse há muito tempo contra Israel. Foi denunciado pela Globo e por Carla Zamvelli como se fosse terrorista.
Mas Shahed é, simbolicamente e como figura pública, mais importante do que Hasan. Ela é que representa os prisioneiros de guerra que Israel poderia ter assassinado, se Lula não conseguisse o resgate.
Então, sem falsos alarmismo, mas atentando para o que o fascismo pode fazer, é preciso cuidar de Shahed.
Não confiem no fato de que a extrema direita não atacaria uma menina de 18 anos. Atacam.
Bolsonaro saiu no ano passado atrás de uma menina de 14 anos em Brasília, sentiu que havia “pintado um clima” e depois afirmou que ela estaria se prostituindo.
Até a Globo, que apoia a matança dos assassinos israelenses, e que explorou Shahed como se fosse sua repórter em Gaza, pode se voltar contra ela. A Globo não tem escrúpulos.
Publicado originalmente em Blog do Moisés Mendes
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