Ativistas famosas pelo topless são duramente questionadas por feministas.
O artigo abaixo foi publicado na versão em português do site alemão DW.
Poucos dias atrás, a tunisina Amina Tyler disse a um canal de televisão francês que a ação recente de solidariedade do grupo feminista ucraniano Femen a encheu de alegria. A Femen havia convocado ações de apoio a Amina, com manifestações de “peito ao léu” em várias cidades europeias depois que a tunisina tinha colocado fotos suas, seminua, na Internet, com as palavras “o meu corpo me pertence”. (Muçulmanos ultraconservadores exigiram o apedrejamento de Amina Tyler.)
Mas Amina ficou também incomodada com o Femen. Especificamente, com a queima de uma bandeira com um verso do Corão diante da mesquita de Paris. As ativistas da Femen ofenderam assim todos os muçulmanos, segundo Amina .
No calor da discussão, surgiu no Facebook um grupo chamado “Mulheres Muçulmanas contra o Femen”. Para elas, as ativistas do Femen são islamofóbicas e imperialistas.
Também a escritora e jornalista Hilal Sezgin critica as ações da Femen: “Me admira que esta forma de feminismo simplista e brutal ainda exista em 2013. Nos meus tempos de ativista no início da década 90 fizemos muitas ações no contexto da prostituição. E uma das nossas preocupações era evitar humilhar estas mulheres, ou retirar-lhes o direito de falarem por elas próprias”, diz Hilal.
“O feminismo nos ensinou há muito que é uma espécie de solidariedade com, entre e para as mulheres”, afirma Hilal Sezgin. Segundo ela, é preciso “escutar o que pretendem as mulheres com as quais queremos formar uma aliança. Isso, afirma, não acontece no caso da Femen. “As ativistas recorrem aos lugares-comuns clássicos islamofóbicos da mulher de véu oprimida, à qual pretendem então impor a presumida liberdade da nudez ocidental”, afirma.
As ativistas da Femen – formada há cinco anos na Ucrânia – defendem o seu procedimento. “A opressão da mulher é sempre opressão, e tem que ser combatida de modo igual em todo o lado”, diz a ativista Alexandra Shevchenko. “Mas não queremos ser vistas como pessoas que impõem algo que não é natural para os outros. Estamos à espera de mulheres muçulmanas que nos digam: sim, somos iguais a vocês, sentimos a pressão de igual modo e queremos combatê-la. Se partilham o nosso ponto de vista e acreditam na nossa forma de protesto, estamos abertas a um diálogo sobre a cooperação.”
Mas o fato é que este diálogo entre estes dois mundos femininos tão distantes parece estar ainda longe de se concretizar.