O fim patético do paneleiro que abasteceu o golpe protestando contra a gasolina a R$ 2,70. Por Tiago Barbosa

Atualizado em 23 de maio de 2018 às 21:45
Clássico da canalhice coxa

POR TIAGO BARBOSA

Metade de cada brasileiro esclarecido se angustia com a disparada do valor da gasolina e o impacto na economia nacional.

Mas a outra metade se rejubila ao ver tanto pato amarelo da CBF indignado com a política de preço dessa quadrilha levada por eles ao poder.

Dois anos atrás, saíram às ruas para ladrar contra Dilma e companhia revoltados porque o litro custava 50% do montante pago agora nas bombas. 

Até adesivo misógino com imagem da presidenta de pernas abertas circulou nos carros como forma de protesto – exemplo clássico da simbiose nociva entre cegueira e sexismo. 

A era Temer impôs a eles o gosto amargo do capitalismo selvagem e sem freios: danem-se o poder aquisitivo dos consumidores e a ideia da estatal a serviço do bem-estar da sociedade.

A lógica da famigerada autorregulação do mercado nesse campo inclui, ainda, submeter cidadãos à humilhação do fogo à lenha – regressão de séculos na condição humanitária – porque o preço do gás se tornou impraticável e a miséria avançou sob indiferença do estado.

O revés do momento castiga a intocável mobilidade da classe média, com corrida, filas e valores exorbitantes nos postos, e atrapalha a ponte aérea dos mais abastados, em nome do lucro dos investidores externos.

Inconformados, eles ensaiam um tímido grito de repúdio contra a própria carapuça. Quando dói no bolso, tudo indica, a consciência ameaça acordar. 

Com o tempo, a poeira da insanidade baixa, e a massa de manobra descobre como foi feita de trouxa para, com a licença do trocadilho, abastecer um golpe de estado à brasileira.

Enquanto isso, no Recife